Múltiplas iniciativas no arranque da campanha

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Passeios de bicicleta pelas margens da Lagoa de Óbidos, sessões sobre os direitos dos migrantes, viagens pela Linha do Oeste e até encontros informais foram algumas das ações desta semana

Gin Liberal é o nome da iniciativa criada pela Iniciativa Liberal para juntar os candidatos pelo círculo eleitoral de Leiria e as populações locais. O objetivo é reunir, numa mesa de café e num ambiente descontraído, para que aqueles que querem representar quem vota fiquem cientes dos problemas que efetivamente afetam as populações.
A atividade realiza-se à segunda-feira, à noite, no café do Centro Cultural e de Congressos das Caldas e já conta com três edições. “Na primeira vieram 6 pessoas, na segunda 14 e hoje somos 18”, explicou Sílvia Sousa, professora nas Caldas e a número 3 da lista por Leiria.
A falta de oferta em termos de transportes públicos, mas também a necessidade de ciclovias e vias pedestres foram duas das “reivindicações” de apoiantes do partido que fizeram questão de participar nesta iniciativa. A ligação a Óbidos, por exemplo, foi outro dos temas abordados, assim como as dificuldades no mercado imobiliário, com a escassez de imóveis para arrendar ou para comprar, numa sessão em que se discutiram também outros temas mais “macro”, como a produção de energia ou a necessidade de cortar impostos para devolver poder de compra aos portugueses.
As dificuldades sentidas ao nível da saúde, com a falta de recursos humanos e de equipamentos no Centro Hospitalar do Oeste e com a necessidade de requalificação dos espaços também foram discutidos.
Depois de, no domingo, os candidatos do IL terem ido ao Mercado de Santana, para o próximo sábado está prevista uma viagem da caravana do IL pelas Caldas, Óbidos, Peniche e Bombarral. Já o Gin Liberal volta a realizar-se na segunda-feira à noite, mas depois a sua periodicidade deverá ser alterada, passado de semanal para quinzenal.

Pedalar nas margens da Lagoa
Cerca de 20 elementos do PSD e simpatizantes da candidatura pelo círculo de Leiria, partiram do cais da Lagoa, na Foz do Arelho, num passeio de bicicleta que os levaria, 15 quilómetros depois à margem sul, ao Covão dos Musaranhos. A iniciativa, que decorreu na manhã de domingo, teve por objetivo mostrar o potencial daquela zona e também alertar para a necessidade de desassoreamento do ecossistema. Os candidatos reuniram também com a Associação de Pescadores e Mariscadores da Lagoa de Óbidos.
Paulo Mota Pinto, cabeça de lista dos sociais-democratas pelo círculo de Leiria, destacou que a Lagoa “é um dos locais de maior potencial turístico do distrito de Leiria” e que “merece ser mais divulgado e explorado, embora sem massificação”. Defende a existência de meios de desassoreamento em permanência, embora reconheça que é preciso ter noção dos custos que envolve e definir quem ficará responsável pela intervenção.
Dias antes, o PSD reuniu com a diretora do ACeS Oeste Norte, Ana Pisco, para abordar, sobretudo, a carência dos médicos de família. “Por acaso chegámos num dia em que tinha sido concluído um concurso e em que várias vagas ficaram desertas”, disse Paulo Mota Pinto, dando nota que apresentaram a sua proposta de possibilidade de diferenciação nas condições do concurso para atrair os profissionais. “Essas condições passam sobretudo pela remuneração, mas pode ter a ver com outras questões como dias de trabalho ou horários”, concretizou.
Como medida para responder à carência de médicos de família, e até haver uma capacidade de resposta pelo SNS, o PSD avança com a proposta de contratualização do médico assistente, recorrendo-se ao setor social e privado quando necessário.
Entretanto, Hugo Oliveira promoveu também uma conversa com jovens caldenses em período de ausência de aulas presenciais através de um direto no Instagram.

Trabalho mas com direitos
Os direitos dos migrantes foram debatidos nas Caldas da Rainha, na noite de 13 de janeiro, numa sessão pública promovida pelo BE e que contou com a participação de Alberto Matos, da Associação Defesa e Solidariedade Imigrante.
O dirigente partilhou a experiência que possui do Alentejo, sobretudo do trabalho intensivo em estufas e na colheita da azeitona, e lembrou que a agricultura é uma “porta de entrada” dos migrantes e o setor “onde há mais exploração”, tendo em conta o sistema de trabalho em vigor. “São poucos os donos das terras que empregam trabalhadores diretamente, normalmente recorrem a empresas de trabalho temporário e há também os grupos informais, as chamadas máfias”, salientou, dando também conta da exploração que os migrantes sofrem à mão desses grupos.
“Os trabalhadores estão sujeitos à violência nos países de origem, ainda têm de pagar à máfia e, por vezes, com a cumplicidade das autoridades policiais”, denunciou Alberto Matos.

O dirigente associativo chamou a atenção para o “sistema perverso”, que em vez de “privilegiar o trabalho responsável, potencia o lucro fácil”. Defendeu a valorização dos direitos dos trabalhadores migrantes e lembrou que atualmente são eles quem assegura em mais de 90% o trabalho no setor agrícola. “A percentagem de assalariados portugueses na agricultura não chega a 1%”, concretizou.
Também presente no encontro, o cabeça de lista por Leiria, Ricardo Vicente, defendeu que as empresas que promovam a precariedade não devem de receber apoio público.

Cultura como motor de coesão
A CDU defende que 1% do orçamento de Estado seja canalizado para a cultura, ao invés dos 0,3% que estavam consignados no documento para este ano, que acabaria por ser chumbado pela maioria. “Defendemos um verdadeiro serviço público da cultura”, destacou João Delgado, número dois da lista candidata pelo círculo de Leiria, durante uma conversa com militantes e simpatizantes que teve lugar nas Caldas, a 14 de janeiro. O escritor e candidato, Henrique Fialho, salientou que no seu compromisso eleitoral a CDU elencou um conjunto de medidas, “desejáveis e viáveis”, tendo em vista uma cultura acessível a todos. Lembrou que foi proposta comunista a gratuitidade das visitas aos museus nos fins-de-semana e defendeu o reforço aos apoios a entidades de criação artística.
Henrique Fialho criticou a “cultura altamente centralizada” que existe atualmente, defendendo que esta deve ser feita para as pessoas e chegar efetivamente às pessoas, funcionando também como um atrativo para a fixação da população.
Na sessão, que contou com a presença de cerca de duas dezenas de pessoas, José Carlos Faria falou da falta de apoio ao setor e deu o exemplo concreto do Museu de José Malhoa, em que a atuação da Liga de Amigos é fundamental “para a existência de meios para este funcionar corretamente”. Os comunistas mostraram ainda a sua oposição à municipalização dos museus e transformação dos Pavilhões do Parque e Céu de Vidro, em unidade hoteleira.