Alimentação Saudável e Sustentável

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Celebrou-se no passado dia 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação, sendo que este ano, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) dedicou o dia à promoção de alimentação saudável e sustentável disponível e acessível para todos, colocando o tema, mais uma vez, na agenda de decisores políticos, organizações públicas, empresas, e sociedade civil.
A alimentação, ao longo dos tempos, tem sido foco de preocupação do homem e o desenvolvimento das civilizações está intimamente ligado à forma como nos alimentamos. Umas das grandes mudanças alimentares ocorreu há cerca de 10.000 anos com a revolução agrícola (a transição do nomadismo para a sedentarização), a outra ocorreu já no seculo passado, com a Revolução Industrial, através do êxodo rural e expansão das cidades, obrigou a uma mudança na necessidade de abastecimento de alimentos, surgindo a Indústria Alimentar.
Vivemos no presente, uma nova realidade, que não existia há pouco mais de um século, em que mais de 80% dos produtos alimentares a que hoje chamamos de comida, simplesmente não existiam. Hoje somos expostos a uma grande variedade de contaminantes provenientes da produção alimentar em escala, como o consumo de produtos de origem animal produzidos com recuso a hormonas de crescimento e antibióticos, pescado contaminado com metais pesados provenientes da poluição ambiental, hortofrutícolas contaminados com pesticidas e um excesso de alimentos processados com aditivos químicos, açúcares e cereais refinados. Não admira, desta forma, que muitas das doenças atuais como a obesidade, cancro, doenças cardiovasculares, diabetes, entre muitas outras, estejam diretamente relacionadas com os hábitos alimentar inadequados. De acordo com os dados do Global Burden Disease Study, a alimentação inadequada e outros fatores de risco associados são os principais responsáveis pela perda de anos de vida saudáveis pelos portugueses. Associada aos hábitos alimentares inadequados, a obesidade, enquanto doença crónica e simultaneamente um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças crónicas, está presente em mais de 20% da população adulta portuguesa, sendo que o excesso de peso ultrapassa os 50%.
O impacto das atividades desenvolvidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), através do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) e da Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), refletem o compromisso da Saúde em todas as políticas, em articulação com os diversos parceiros, com a sociedade civil e com os cidadãos, no entanto, estas medidas ainda se verificam insuficientes, sendo que os dados mais recentes relativos ao excesso de peso e à obesidade infantil mostram que 1 em cada 3 crianças portuguesas apresentam excesso de peso, representando, assim, um dos principais problemas de saúde pública em Portugal.
Para além de todas as questões relacionadas com a promoção da Saúde, o controlo da Segurança Alimentar está cada vez mais complexo e, por isso, é indispensável o cumprimento rigoroso da legislação nacional e legislação comunitária, por parte de todos os operadores das empresas do setor alimentar, de modo a minimizar os riscos alimentares. De acordo com a legislação europeia, é obrigatório o registo de todos os estabelecimentos do setor alimentar, sendo que todos os manipuladores de alimentos devem ter formação na área da Higiene e Segurança Alimentar.
Por todos estes motivos, considero que mais e melhor serviço passa, necessariamente, por mais e melhor formação profissional no setor, pois como já dizia Albert Einstein, informação não é o mesmo que conhecimento. Assim, vejo como fundamental o recrutamento de profissionais qualificados como parte de uma estratégia organizacional, sendo que a reeducação alimentar, a disponibilização e diversificação de produtos alimentares mais saudáveis, o cumprimento das obrigações legais nacional e comunitárias e dar resposta às novas exigências do mercado, será um desafio de todos os profissionais do setor da Restauração e Hotelaria.
A Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, situada em Caldas da Rainha e Óbidos, que integra a rede nacional de Escolas do Turismo de Portugal, iniciou em 2006 um percurso de intervenção na qualificação e valorização dos recursos humanos. O papel que a EHT Oeste tem vindo a desenvolver na promoção de formação técnica e profissional de qualidade, incluindo no programa dos diversos cursos, a área de Nutrição e a área de Qualidade e Segurança Alimentar, assume um papel de relevo na promoção da literacia alimentar, sendo a sua missão, dotar as empresas de hotelaria e restauração com os melhores profissionais, sensibilizados, informados e capacitados relativamente aos temas da Alimentação Saudável e Segurança Alimentar, Economia Circular, Alterações Climáticas e Estilos de Vida Saudável.

Joana Mendes
Eng.ª Alimentar
Formadora na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste

Gazeta das Caldas