Quartel dos bombeiros das Caldas foi inaugurado em 1981 e tem vindo a receber melhoramentos ao longo dos anos
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Instituição fundada a 14 de Setembro de 1895 assinala aniversário em contexto pandémico. Eleições na associação devem ocorrer até ao final do ano

Fundada a 14 de Setembro de 1895, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha completa 125 anos de serviços prestados à população, com uma iniciativa simbólica no próximo domingo, devido à pandemia.
Após o falecimento do presidente Abílio Camacho, em Julho, a instituição prepara-se para iniciar o processo eleitoral, cabendo ao vice-presidente Luís Botelho assumir a liderança da Direcção nesta fase transitória.
O dirigente está ligado à associação há três décadas e garante que os Bombeiros das Caldas atravessam “um período estável, apesar de toda a instabilidade que se vive”.
“Temos recebido muito apoio das instituições do concelho, da população e das freguesias e, nessa medida, estamos estabilizados”, afirma o antigo funcionário bancário, que não esclareceu se pretende candidatar-se à presidência da Direcção nas próximas eleições.
“Estamos numa fase transitória e esperamos continuar como até aqui, porque há uma grande harmonia entre Direção, comando e o corpo. Acima de tudo está o interesse da associação”, sublinha o caldense, cuja relação com os bombeiros remonta aos tempos em que viveu junto ao antigo quartel e praticou ginástica na associação.
Para Luís Botelho, de 70 anos, mais do que pensar em investimentos, os Bombeiros devem “garantir a protecção” dos elementos do corpo e “acudir às necessidades diárias deste tipo de instituições”.
“Há sempre despesas de manutenção e melhoria das instalações e equipamentos e, com a covid-19, tivemos de investir em material de protecção para os nossos homens”, explica o dirigente, para quem a população tem “sabido reconhecer o trabalho” da corporação, o que dá “grande força” a quem tem a responsabilidade de assegurar os destinos da instituição.

UM COMANDANTE ORGULHOSO

A pandemia colocou inúmeros desafios à sociedade em geral e também aos bombeiros, que nunca deixaram de estar ao lado das populações.
Para o comandante dos bombeiros caldenses, Nelson Cruz, a corporação atravessa um período de grande estabilidade, o que dá “grande confiança” para o futuro.
“Em termos operacionais, as coisas estão a correr bem. Mantemos os 110 bombeiros no corpo e um conjunto de veículos aceitáveis”, declara o responsável, deixando elogios ao esforço dos soldados da paz nesta fase atípica.
“Este é um ano excepcional, em que os bombeiros passam quase o dia inteiro equipados por causa da covid-19, o que se torna mais complicado para trabalhar”, nota Nelson Cruz, que adverte, ainda, para outros obstáculos causados pela pandemia e que têm impactos directos na actividade diária da associação.
“Por via da covid-19 e das restrições que têm vindo a ser introduzidas pela DGS, a nossa tarefa fica dificultada, pois as ambulâncias levam menos doentes no transporte. Agora, vão duas ambulâncias em vez de uma para levar o mesmo número de doentes”, adverte.
E se em termos de incêndios florestais o concelho “tem estado tranquilo”, o mesmo não se pode dizer do transporte de doentes aos hospitais. “Estamos com uma média de 23 emergências hospitalares por dia, o que é um número elevado”, frisa o comandante.

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AS ORIGENS

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha tem resistido aos tempos, mas não foi a primeira corporação do concelho.
Nos finais do século XIX, o Hospital estava dotado de serviços de incêndios com material e pessoal. Bombeiros Caldenses era o nome desta corporação, ligada ao hospital termal e a fábricas locais, tendo, porém, “um carácter mais particular que público”, pode ler-se no site dos Bombeiros das Caldas.
Em 1894 surgiu uma Associação de Bombeiros Voluntários dirigida a toda a população e independente dos serviços do hospital, que daria origem, no ano seguinte, à instituição que ainda hoje perdura.

Marcos de uma história bonita


A 14 de Setembro de 1895 foi fundada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, uma das mais antigas corporações do distrito de Leiria e que tem prestado grandes serviços à comunidade
Nos primeiros tempos de funcionamento da corporação, para além do combate a incêndios, a associação prestava ainda dois serviços de grande utilidade pública: um posto de primeiros socorros e um telefone público
Em 1931, é criada a Caixa de Bombeiros, com a finalidade de apoiar os membros do Corpo de Bombeiros em caso de doença ou desastre que os impossibilitasse de trabalhar e de subsidiar despesas de funeral ou farmácia
Em 1981, é inaugurado o quartel sede, que viria a sofrer diversas obras de ampliação e melhoramentos, com o objectivo de dotar os soldados da paz de condições mais adequadas, durante 12 anos, entre 1989 e 1997
Nos dias que correm, esta associação humanitária tem mais de 12650 sócios e o corpo de bombeiros dispõe de 110 bombeiros do quadro activo, acrescendo mais 56 elementos da fanfarra, 37 do quadro de honra e 30 infantes/cadetes

 

Comandante diz que aniversário é prova de “vitalidade”

Em 2014 tornou-se no mais jovem comandante de sempre da corporação caldense

Comandante dos Bombeiros Voluntários das Caldas há seis anos, Nelson Cruz diz que, apesar da pandemia, “era importante assinalar” o 125º aniversário da corporação e que a efeméride é uma prova da “grande vitalidade da instituição”.
“É uma data que nos orgulha e, já que não é possível fazer a sessão solene, decidimos visitar a população, que é sempre muito generosa connosco”, assegura o homem que sucedeu no comando a José António Silva, ressalvando que, por norma, a população costuma contribuir com uma verba de 100 mil euros no cortejo.
Nelson Cruz entrou nos bombeiros da cidade aos 9 anos e fez todo o percurso na instituição, desde a fanfarra até ao comando. Tornou-se, aos 37 anos, no mais jovem comandante de sempre dos Bombeiros Voluntários das Caldas. “E o primeiro comandante oriundo da carreira de bombeiro e vindo do quadro activo”, salienta.
O comandante, de 43 anos, elogia “o esforço, empenho e dedicação” dos 110 homens que dirige, dos funcionários e dos dirigentes e considera que o profissionalismo nos bombeiros é uma questão que “deve ser muito bem equacionada” pelas entidades responsáveis pelo sector e pelo Estado.
“A minha posição é muito simples: o profissionalismo existe nos bombeiros portugueses há mais de 600 anos”, sustenta Nelson Cruz, para quem “a única coisa que distingue um bombeiro profissional de um voluntário é um contrato de trabalho”.
“Os voluntários não fazem nada a menos do que os profissionais e têm o mesmo grau de exigência. Há profissionalismo em quem recebe salário e quem não recebe”, refere.
Para não se perder a “mística”, o comandante da corporação caldense defende que “terá sempre de haver voluntários”. “O exigível nos dias que correm é termos uma equipa a sair ao minuto a uma ocorrência, pelo que só deve haver profissionais nos picos do horário laboral”, remata.

Desfile motorizado pelas freguesias marca aniversário

O aniversário dos Bombeiros das Caldas suscita sempre grande envolvência, com a formatura, entrega de medalhas e a procissão solene, entre outras iniciativas. Este ano, devido ao surto pandémico, as comemorações serão mais contidas, procurando respeitar todas as normas de segurança e vão consistir num desfile técnico motorizado pelas 16 sedes de freguesia do concelho.
Assim, entre as 15h00 e as 18h20 do próximo domingo, um veículo de cada tipologia parte do quartel na cidade e vão percorrer o caminho das freguesias, com os soldados da paz a apresentarem os cumprimentos à população, por forma a evitar ajuntamentos.
“Será um desfile em jeito de agradecimento por todo o apoio e toda a força que o concelho, em todas as estruturas administrativas, nos tem dado ao longo dos anos”, explica Luís Botelho, vice-presidente da direcção.
Durante o percurso, os bombeiros fazem questão de apresentar cumprimentos aos pesidentes das Juntas de Freguesia, culminando a iniciativa nos Paços do Concelho, com uma sessão de cumprimentos ao presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira.

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