Os finalistas do 4º ano na Escola Básica do Avenal foram convidados, em tempo de pandemia e quando se encontravam confinados em casa, a partilhar com os colegas o que viam da sua janela. O resultado foram frases de optimismo e esperança, que mostra que o ensino à distância, apesar de os separar fisicamente, manteve-os unidos com toda a comunidade educativa. “E eles são a minha janela para o mundo”, partilha a professora, Isabel Ferreira, que ainda organizou uma festa de final de ano lectivo através das novas tecnologias

“A minha cidade é um aglomerado de esperança e pensamentos.Eu estou em casa mas acredito que quando isto acabar vou poder estar com todos os que mais amo”, “A minha aldeia é um aglomerado de família, amigos e casas. Eu estou em casa mas queria estar com os amigos, todos juntos somos a família que escolhemos”. Estas são algumas das 24 mensagens que os meninos finalistas do quarto ano da Escola Básica do Avenal escreveram durante o tempo de confinamento e que mostram a vontade de voltar a estar juntos quando tudo melhorar.
Quando começou o ensino à distância, a professora Isabel Ferreira, reuniu com os pais para articular a melhor forma de funcionamento do ano lectivo e pediu-lhes a participação para “enriquecer as aulas”. Foi, então, imaginada uma actividade para dar continuidade às disciplinas, que consistia na forma como eles viam e sentiam a própria aldeia, vila e cidade e partilhá-la com os colegas. “Isto porque tínhamos meninos que estavam isolados a viver em aldeias, outros em vilas e outros no centro da cidade e o que viam da sua janela era completamente diferente”, explicou a docente à Gazeta das Caldas.
O trabalho foi sendo feito ao longo das semanas. Às segundas-feiras eram lançados desafios da semana e na semana seguinte eram apresentados os resultados do desafio. Foram fazendo listas do que viam, sentiam e à noite eram convidados a abrir a janela e a escutar.
Os alunos foram também convidados a colocar a aldeia, vila e a cidade “dentro” de um frasco de vidro para terem a percepção dos espaços que cada um destes aglomerados representa. “Colocavam dentro do recipiente coisas lá de casa, e confirmaram que havia mais ar na aldeia, enquanto que na cidade estava tudo muito compacto. Foi uma maneira de irem interiorizando e valorizando o espaço”, explica a docente. Depois, criaram um cartaz com uma frase, que partilharam com a comunidade educativa.
As imagens foram transpostas para o livro de finalistas, substituindo assim a fotografia de grupo que não foi possível tirar. A docente destaca que, a união e apoio que existia na escola continuou a verificar-se, exemplificando que os meninos que costumavam ajudar os outros que tinham mais dificuldades, continuaram a fazê-lo através da internet.
“Todos mandaram o produto final, o que me deixa muito orgulhosa porque são uma extensão de mim e do que fiz, mostra que é possível trabalhar em conjunto”, remata a professora, destacando também a colaboração dos pais.

FESTA DE FINALISTAS À DISTÂNCIA

“Estes meninos são finalistas e tiveram o desgosto de não terem uma festa como estavam habituados”, salienta Isabel Ferreira, lembrando que anualmente costumavam fazer uma festa de finalistas que junta toda a comunidade escolar. No Avenal há também a tradição dos alunos mais velhos serem padrinhos dos que entram no primeiro ano, mas este ano, os finalistas não tiveram a oportunidade de se despedirem fisicamente. No entanto, realizaram uma videoconferência com os meninos do 1º ano, que lhes fizeram uma surpresa e, “de alguma forma, fomos conseguindo combater o isolamento físico”, conta a professora, dando nota que no último dia de aulas, a 26 de Junho, reuniram-se todos, através da internet, para festejar.
Os alunos de camisa e gravata e as meninas com roupa de gala e cabelo arranjado. Em casa de cada um reuniram-se os familiares e, na mesa, além dos outros doces estava um salame, que tinham feito, em conjunto com a professora, no dia anterior. “Foi mesmo um trabalho colaborativo, nesta altura não poderia ter sido de outra forma”, conclui a professora.