Petição pública quer implementação de sistema de depósito de embalagens

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Várias organizações juntaram-se para a campanha “Há mar e mar, há usar e recuperar”, apresentada em Peniche

ONG Sciaena lançou, no Baleal, a campanha “Há mar e mar, há usar e recuperar” pela implementação de um sistema de depósito de embalagens. Iniciativa pretende acabar com embalagens de bebidas no mar e envolve várias entidades. O holandês Merjin Tinga, surfista e activista ambiental, é uma das caras do projecto

A organização não governamental (ONG) Sciaena lançou, na passada sexta-feira, no Baleal, e tendo o surfista holandês Merjin Tinga como “padrinho”, a campanha “Há mar e mar, há usar e recuperar”.
Aquela entidade apresentou, ainda, uma petição pública, que visa a implementação de um sistema de depósito e retorno de embalagens no nosso país, por forma a evitar a poluição no mar.
Estas acções de cariz ambiental contam com várias entidades parceiras, nomeadamente a Tara Recuperável, MARMEU, Mar à deriva, Sea Sheperd, TheTrashTraveler e o Politécnico de Leiria.
O surfista e activista ambiental Merjin Tinga, conhecido como The Plastic Soup Surfer, é uma das “caras” desta campanha. O surfista tem uma vasta experiência neste tipo de iniciativas e lançou uma petição na Holanda, que recolheu 60 mil assinaturas, que levou o governo daquele país a avançar, em 2021, com a colocação de depósitos para pequenas embalagens.
“A breve prazo, acredito que a legislação europeia vai garantir que todas estas embalagens sejam recicláveis. Esta é uma medida muito popular em todo e o governo de Portugal deve ser sensível a esta questão”, afirmou à Gazeta das Caldas o holandês, que considera estarmos perante uma mudança de paradigma sobre a questão da recolha das embalagens.
“Durante muitos anos colocou-se a pressão apenas do lado dos consumidores, mas os governos já perceberam que esta é uma responsabilidade de todos e também da indústria”, declarou o surfista.
Para Manuel Nascimento, da ONG Mar à deriva, torna-se “necessário ter tara recuperável para toda as embalagens” para que daqui a 40 anos não se encontrem embalagens enterradas nas praias, “à semelhança do que se encontrou em Peniche nas últimas semanas”, disse o dirigente.
No entender de Renata Fleck, da Sciaena, há a necessidade de Portugal implementar um sistema de depósito para todas as embalagens de bebida “a funcionar em janeiro de 2022, para que não haja mais embalagens nos nossos oceanos”.
Já Daniel Gomes, da associação Tara Recuperável, acredita que “mais importante que limpar o mar é evitar que o lixo chegue até lá e a tara recuperável é a solução para isso”.
Antes do lançamento da campanha, foi realizada uma recolha de resíduos, durante meia-hora e por 3 pessoas, perto do forte de Peniche, tendo sido recolhidas 93 garrafas de vidro.
Aquele material foi colocado na praia, para mostrar aos banhistas que é preciso agir. Alguns assinaram a petição, outros garantiram, no local, que o iriam fazer.
Na chegada à praia, Mónica Figueiredo, que vive em Peniche, ficou chocada com a quantidade de garrafas expostas no areal na acção da Sciaena
“É incrível como os anos vão passando e vamos assistindo à destruição do nosso planeta”, lamentou a veraneante, garantindo que, lá em casa, “todos fazem reciclagem”.