Peniche: um marco na democracia local

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Concelho é um verdadeiro caso de estudo: é o único município do distrito de Leiria liderado por independentes e tem quatro freguesias lideradas por quatro forças políticas…

Peniche é um verdadeiro caso de estudo no que diz respeito ao poder local. O histórico das eleições autárquicas naquele município demonstra que a democracia é levada muito a sério pelos penichenses, que dão pouca estabilidade a quem governa a autarquia e, aliás, parecem apreciar particularmente a rotatividade dos movimentos políticos nos órgãos municipais. Pelo menos, é o que dizem os números de um concelho que, há quatro anos, se tornou no primeiro município do distrito a ser gerido por independentes.
É certo que Henrique Bertino, cabeça de lista do Grupo Cidadãos Eleitores por Peniche (GCEPP), era oriundo da CDU, que estava no poder há três mandatos consecutivos, mas a verdade é que o mapa autárquico local transformou-se por completo em 2017 com aquele movimento a vencer a oposição direta do PSD por uma curta margem de 253 votos… O PS teve a segunda pior votação de sempre e foi a terceira força política, elegendo um vereador, ainda assim à frente da CDU, que passou de três eleitos para um.
A transformação política no concelho também chegou às freguesias, demonstrando-se como a democraticidade é uma imagem de marca do concelho.
É que as quatro Juntas de Freguesia do concelho de Peniche são geridas por… quatro forças políticas diferentes, uma situação ímpar no contexto do distrito e, provavalmente, uma das poucas do género nos 308 municípios do país.
Determinante para vencer a Câmara foi o resultado do GCEPP na Junta de Freguesia de Peniche (42,21%), ainda assim um resultado insuficiente para assegurar a maioria absoluta na Assembleia de Freguesia.
Na Atouguia da Baleia, o PSD manteve a Junta, mas baixou ligeiramente a votação (menos 12 votos…) e perdeu, inclusive, a maioria absoluta. O mesmo sucedeu com o PS em Ferrel (menos 47 votos)…
Por seu turno, a CDU perdeu a Câmara há quatro anos, tendo ficado apenas com um vereador, mas até reforçou a votação para a Junta de Freguesia de Serra d’El-Rei, passando de 45,18% para 50,35% e conservando a maioria no órgão.
Maiorias absolutas é coisa pouco vista no mapa autárquico de Peniche. No que diz respeito à Câmara, só por duas vezes os executivos municipais foram geridos com maiorias: em 1989, ano em que o PSD conseguiu a primeira maioria absoluta na autarquia (45,12%) e quatro eleitos; e em 2009, com a CDU (44,08%), no melhor resultado de sempre da coligação e na votação mais expressiva da história no concelho: 5 887 votos.

Só por duas vezes os executivos municipais tiveram maiorias no concelho

Cinco candidaturas
A entrega das listas no tribunal para as próximas autárquicas ainda não foi desencadeada, mas, até ao momento, já são conhecidas cinco candidaturas à Câmara de Peniche, quando em 2017 foram seis as listas que se apresentaram a sufrágio.
Ao recandidato Henrique Bertino (GCEPP) junta-se Filipe Sales (PSD), que volta a ir às urnas e pretende devolver o poder aos social-democratas, que não ganham a Câmara desde 1993.
O primeiro candidato à Câmara de Peniche a ser conhecido, porém, foi Ângelo Marques (PS), a que se seguiram os nomes de Maria Clara Abrantes (CDU) e Ricardo Ribeiro (CDS).
Não há memória de haver sondagens autárquicas em Peniche e não custa perceber porquê, dada a volatilidade da votação no concelho, que terá, certamente, uma das eleições mais animadas do Oeste. ■