Zé Povinho leu atentamente a reportagem da Gazeta das Caldas da semana passada sobre a Festa do Emigrante realizada anualmente na Expoeste, em que a autarquia local homenageia aqueles que partiram de Portugal para procurar uma vida melhor no estrangeiro.
A homenagem é merecida. Aliás as Caldas da Rainha fazem questão de o recordar no monumento da autoria de Antonino Mendes, localizado na entrada sul da cidade. Grande parte destes homens e mulheres são hoje idosos e têm uma história de vida na qual ressalta muita coragem e abnegação. Na sua maioria, pouco mais sabiam do que ler e escrever. E do mundo só conheciam a terra onde nasceram e, eventualmente, os locais em que fizeram a tropa. Mas tiveram o ânimo e a valentia de partir para um país do qual não conheciam a língua e onde frequentemente eram desprezados (e quantas vezes humilhados) pelos seus habitantes que os olhavam com sobranceria.
Esta mão de obra barata ajudou ao crescimento de países ricos. Mas os portugueses de então não desperdiçavam o dinheiro que lhes custava ganhar e souberam investi-lo ou aforrá-lo para construir a sua casa em Portugal ou nele iniciar uma nova vida.
Numa altura em que o país assiste a um novo surto massivo de emigração – desta vez de mão-de-obra mais qualificada – é justo dar uma palavra de incentivo aos que, resistindo à saudade (essa palavra tão portuguesa que os emigrantes tão bem conhecem), arregaçam as mangas para lá das fronteiras do rectângulo luso.
Já não há palavras para expressar tamanha indignação pelo que vai acontecendo à linha do Oeste. Ora é mandada encerrar por decreto-lei e salva in-extremis pela população e autarcas que souberam cerrar fileiras pela sua defesa, ora é de novo ameaçada de morte pelos maquinistas (que a deveriam defender porque sem linha não há comboios para conduzir) e pela própria administração da CP, que tem demonstrado uma desmesurada insensibilidade para a realidade e potencial do corredor ferroviário oestino.
Para a CP, a linha do Oeste merece toda a desconsideração e é seguramente considerada um peso do qual gostaria de se libertar. Prova disso é o facto de ser a primeira onde se mandam suprimir comboios por motivo de greve ou de falta de recursos humanos (particularmente grave em Agosto durante o período de férias). E prova disso é também o facto de mandarem para os carris do Oeste as mais velhas automotoras de toda a frota da CP. As outras linhas, mesmo as que também só fazem serviço regional, como é o caso do Minho, Douro e Algarve, têm sempre prioridade no material circulante. A do Oeste fica para último lugar.
E nem mesmo o aplaudido estudo do Eng. Nelson Oliveira que propõe algumas receitas simples e a custo zero para inverter o definhamento da linha, é aproveitado, ou sequer tido em conta, pela autista administração da CP.
Zé Povinho acha que esta gente merece dos oestinos a mesma desconsideração que eles mostram para com a linha do Oeste.