O município de Rio Maior foi um dos poucos do país que teve que voltar a confinar, quando a tendência nacional já é de desconfinamento

Ao contrário do que sucedeu em praticamente todo o país, em Rio Maior o início desta semana foi de regresso às rotinas… do confinamento, nomeadamente com a venda ao postigo no comércio. A falta de movimento nas ruas e nas estradas, as pessoas à porta dos cafés e lojas e o aumento do policiamento tornam-se em imagens comuns. Eis o retrato de um concelho que voltou a confinar.
Os comerciantes mostram-se preocupados. Maria Rosa Vargas, que explora há três décadas o quiosque na Avenida Paulo VI, diz que “as vendas caíram, há muito menos gente a

Números

23 era o número de casos ativos de infeção por covid-19 no concelho de Rio Maior no início desta semana, quando a Câmara pediu a reavaliação

51 o número de óbitos devido à covid no município de Rio Maior desde o início da pandemia, ao longo dos últimos doze meses

253 é o número de casos ativos no conjunto dos 12 concelhos da Comunidade Intermunicipal do Oeste a dia 20 de abril

728 o número de óbitos já registados no conjunto da Comunidade Intermunicipal do Oeste desde o início da pandemia, decretada em março de 2020

18 são os casos ativos no município das Caldas da Rainha ao dia de fecho desta edição. São mais três do que os 15 que se registavam na semana passada

circular”. Situa os prejuízos na ordem dos 30%.

Filomena Santos tem esperança de que a curto prazo possa reabrir, pelo menos, a esplanada

 

 

 

 

 

Samanta Varela vende numa loja de roupa e diz que atualmente as pessoas só compram mesmo o que precisam 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maria Rosa Vargas aponta a quebras no volume de vendas do quiosque a rondar os 30%

Ali bem perto, na Pastelaria Avenida, Filomena Santos diz que este novo confinamento, para os comerciantes “é desastroso”. “Sem a esplanada o volume de vendas desce muito”, faz notar. No seu caso em particular, admite ter quebras de negócio a rondar os 50%. A esperança é que a curto prazo possa reabrir a esplanada. “O governo devia rever as medidas, porque 15 dias é muito tempo”, queixa-se. “Nunca pensei que fosse regredir” e que as medidas fossem mais restritivas, assume Filomena Santos, que se sente frustrada e aponta a incerteza como o pior no meio desta situação.
Do outro lado da rua, Samanta Varela, que vende numa loja de roupa, dá-nos um retrato semelhante. “As pessoas só compram mesmo o que é preciso”, revela.No fim do primeiro confinamento sentiu um aumento da procura. “As pessoas quiseram ver”, contou a riomaiorense, que viu a situação regredir.
À porta de outra loja encontramos Catarina Montez, que vem a Rio Maior uma vez por semana para fazer compras. “Tenho o meu filho na escola no 6º ano e sou eu que o levo, para evitar ao máximo os contactos”, nota, criticando a ausência de cuidados de grande parte da população.
Depois de um café ao postigo, David Santos diz não “compreender” o novo confinamento no concelho e lamenta o fecho das esplanadas.

Câmara pede reavaliação
O presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, enviou no início desta semana uma carta ao primeiro-ministro a apelar para que o governo volte a colocar o concelho com as medidas que tinha na semana anterior. “Ao dia de hoje, Rio Maior contabiliza 23 casos ativos, um número que, não nos permitindo perder o foco neste combate, não será de todo tão gravoso como as medidas que atualmente nos são impostas”, referiu o autarca, que aproveitou a ocasião para sugerir melhorias nos critérios de avaliação da situação de risco dos concelhos, como a inclusão da densidade populacional, a criação de um relatório evolutiva da pandemia e uma periodicidade mais curta das avaliações.

Oeste com mais 26 ativos
No Oeste há esta semana 253 casos ativos, um número superior aos 227 que se registavam na última semana. Nos últimos sete dias foram confirmados 84 novos casos, distribuídos por praticamente todos os concelhos. Só no município de Óbidos é que não se registaram novas infeções, sendo o único concelho oestino atualmente sem casos ativos. Neste concelho não há novos casos desde 8 de março. ■
ivicente@gazetadascaldas.pt