A nazarena que matava franceses contada em livro

0
604
- publicidade -

“Foi o livro mais problemático de escrever até ao momento, mas também o mais gratificante”. É assim que a nazarena Isabel Ricardo explica porque só em 2010 edita um livro que andava a pensar há vários anos. “A Revolução da Mulher das Pevides”, apresentado no passado dia 11 de Dezembro, aborda a história da parteira Ana Luzindra que durante as invasões francesas terá atraído vários soldados ao alto do promontório da Nazaré e os terá matado.
Em mais um romance histórico, a escritora volta a debruçar-se sobre episódios que marcaram a história da Nazaré.
Como sabia que a história de Ana Luzindra “ia ser uma tarefa muito difícil”, Isabel Ricardo foi adiando este projecto. Acabaria por ser o facto de neste ano de 2010 se comemorarem os 200 anos das invasões francesas a ditar definitivamente o “mergulhar nesta aventura” que foi o papel dos populares nazarenos na resistência às tropas napoleónicas.
“Inicialmente era só para ser um volume, mas a história ganhou vida própria e a certa altura apercebi-me que só conseguiria referir-me às três invasões e contar tudo o que pretendia em muito mais páginas, devido à quantidade de acontecimentos que ocorreram nessa época”, explica a autora. Por isso, o primeiro volume, lançado na passada semana, acaba com a primeira invasão francesa. As outras ofensivas das tropas gaulesas ficam para um próximo ou próximos volumes.
Presente na apresentação do livro, esteve o presidente da Câmara da Nazaré, Jorge Barroso, que agradeceu à escritora nazarena o acto de contar em livro uma história de que todos os nazarenos já tinham ouvido falar, mas da qual a maior parte desconhece pormenores. “Agradeço à Isabel o trazer-nos não só aquele sentimento de que tínhamos sido importantes, mas também, de uma forma romanceada que se lê muito bem e nos traz para o sonho, a parte da história, para sabermos o como e o quanto importantes fomos” nas invasões francesas.
“A Revolução da Mulher das Pevides”, que tem a chancela da Planeta Editora, adopta como título uma expressão comum entre as gentes da Nazaré, usada para se referirem a coisas insignificantes e “aludir ao facto da população deste lugar, apenas armada de paus e pedras e da sua coragem e patriotismo, se ter revoltado contra as balas e baionetas dos soldados francesas, conseguindo derrotá-los e expulsá-los”, explica a escritora.
O novo livro vem aumentar o já grande rol de títulos da autora nazarena que começou a escrever as suas histórias ainda menina, pese embora nunca ter tomado contacto com os livros (à excepção dos manuais escolares) antes dos nove anos. Ao todo, são 28 os títulos que a nazarena tem nas bancas, com especial destaque para os dedicados aos leitores juvenis e para os romances históricos. Livros que podem ser encontrados nas lojas de especialidade e grandes superfícies.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

- publicidade -