Abril nas Caldas para apreciar no Turismo

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Responsáveis da AJA Caldas e da autarquia durante a inauguração

Imagens e documentos inéditos dos acontecimentos nas Caldas entre o 16 de Março e o 1 de Maio estão agora patentes na galeria do Posto de Turismo

Foi com casa cheia que abriu ao público a mostra “Da noite escura ao dia claro”. Muitos caldenses quiseram participar nesta iniciativa da Associação José Afonso – Núcleo das Caldas pois a mostra, patente na galeria do Posto de Turismo, é composta por fotografias e documentação (muitos inéditos) e relacionada com os vários momentos da Revolução de Abril que se viveram nas Caldas.
Élia Mendonça da AJA, sublinhou a importância do legado de Zeca Afonso e agradeceu às várias entidades que tornaram a mostra possível incluindo o PH, a Biblioteca e a Gazeta das Caldas, assim como herdeiros de vários fotógrafos que viveram e registaram estes momentos, hoje cheios de simbolismo e significado.
“Na verdade, a cidade sempre soube responder aos momentos chave naquilo que era importante, mostrando apoio aos militares do 16 de Março ou marcando presença em grandes manifes como aconteceu no 1º de Maio”, disse Élia Mendonça.
A responsável apelou ainda à participação dos presentes no concerto que a AJA Caldas está a organizar com o CCC e município no dia 25 de abril e que vai juntar José Afonso (sobrinho de Zeca), com Uxia e Luís Pastor. “Vamos encher o CCC nestes 50 anos de Abril!”, pediu a organizadora.
A vereadora da Cultura, Conceição Henriques, sublinhou “a capacidade fantástica da sociedade civil contribuir para os grandes momentos da cidade”.
A autarca acrescentou ainda que está “feliz” com as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril nas Caldas pois estas são “a verdadeira expressão do Portugal democrático”, ou seja, as celebrações “não estão capturadas pelas entidades públicas e é assim que deve ser”. Conceição Henriques destacou ainda que a AJA Caldas tem trabalhado incansavelmente e sido um verdadeiro parceiro no que diz respeito à celebração da Revolução.
A autarca conta que viver Abril foi de facto “um momento extraordinário”, apesar que, do sonho da Revolução “algumas coisas não correram como esperado” mas por outro lado “muito se cumpriu pois hoje somos uma sociedade completamente diferente”, rematou.
O presidente da Câmara, Vitor Marques, também salientou o trabalho desenvolvido pela AJA Caldas, sobretudo em volta da presença de Zeca Afonso, que teve “uma convivência fantástica por cá, tendo deixado várias marcas nas Caldas”. Vítor Marques deixou ainda a nota que o pontapé de saída para a Revolução “foi dado nas Caldas no dia 16 de Março”. No entanto, o edil caldense lembrou também que “nada está ganho. A Liberdade e Democracia têm que ser permanentemente “alimentadas”. E viva o 25 de Abril!”.

José Nascimento e Jorge Sobral, dois caldenses junto a imagens de acontecimentos de Abril nas Caldas

Registos da 1ª manif pós Cravos
São vários os caldenses que se reconhecem nas fotografias. José Nascimento e Jorge Sobral (o porta-bandeira) são alguns dos elementos presentes numa fotografia tirada no Bairro da Ponte. A 27 de abril de 1974 fez-se uma manifestação espontânea, que desfilou em várias zonas da cidade. Nesse mesmo dia saíram os presos do Forte de Peniche, entre eles, o caldense Carlos Tomás, então estudante de Engenharia. Libertado nesse dia “ainda veio participar nesta nossa manifestação que deu a volta às Caldas e que chegou ao Bairro dos Arneiros”, contou Jorge Sobral, referindo que esta foi a primeira manifestação que aconteceu nas Caldas, pós revolução.
José Nascimento partilhou ainda que a 24 de Abril esteve a imprimir folhetos que seriam para distribuir junto às fábricas a convocar as pessoas para a manifestação do 1º de Maio, que teria lugar na Praça da Fruta. “Mal sabia que nessa noite já decorriam as movimentações de Abril !”.

A inauguração desta mostra, que conta com fotografias e documentos inéditos, foi muito participada por caldenses que se reviram ou que encontraram familiares nas imagens de acontecimentos históricos

E efetivamente as celebrações do dia do Trabalhador tiveram outra dimensão, lotando a Praça e vivendo os dias da Liberdade. Antes, a 29 de abril de 1974, houve uma manifestação popular de homenagem aos militares do 16 de Março, em frente ao quartel do então RI5. E há outros momentos, hoje simbólicos, como a Guarda de Honra feita aos oficiais do 16 de Março após a sua libertação, e que teve lugar a 29 de abril, tambémno quartel.
Seguiram-se outras manifestações com a participação massiva da população como se constata nesta mostra no Posto de Turismo, patente até 4 de maio com imagens inéditas. A não perder.■