Alcobacenses editam livro para crianças sobre a história do rock

“Acho realmente que estamos perante uma obra prima”. Foram estas as primeiras palavras de John Gonçalves, dos The Gift, sobre o livro “A História do Rock – Para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada”. Mas os elogios continuam e sem qualquer dose de exagero, assegura o músico: “provavelmente daqui a 15 anos estará traduzido em mais línguas e continuará a ser a prenda perfeita (e actual) para alguém oferecer ao filho do melhor amigo” ou “este é um livro obrigatório na biblioteca de muita gente e principalmente de todas as pessoas que gostam de música”.
Para ilustrar quão surpreendido (pela positiva) ficou com “A História do Rock”, John Gonçalves recordou o dia em que teve o primeiro contacto com a obra. Estava com a sua sobrinha na noite de passagem de ano, a quem o livro havia sido oferecido por Sónia Tavares, vocalista dos The Gift. “Ela só me dizia como estava maluca com aquele livro, como já era o preferido dela, e ainda hoje o leva para a escola todos os dias”, contou John, realçando que a sobrinha o procurou várias vezes para questioná-lo sobre as curiosidades que surgem na obra. Uma delas: o facto de Robert Smith ter dado um autógrafo à Minnie na DisneyLand Paris.
Mas há mais. Por exemplo, a história que dá conta que a sandes favorita de Elvis Presley era de manteiga de amendoim, bacon, banana e mel, ou aquela que relata que quando Ottis Redding era pequeno ganhou tantos concursos de talentos que chegaram a pedir-lhe que não participasse mais para dar hipótese a outros.
Acrescentar factos curiosos – e que em nada se relacionam com o rock – aos dados musicais – que já são inclusive conhecidos pela maioria – foi um dos objectivos de Rita Nabais quando se propôs a escrever esta espécie de enciclopédia, que pensou desde logo como indicada para o público infanto-juvenil.
A maior surpresa é então que “o livro tanto é do agrado de uma criança de oito anos como de um adulto como eu”, acrescentou John Gonçalves, realçando que esta pode ser a obra com a abrangência suficiente para fazer da pequena editora Escafandro um projecto maior. “A História do Rock” não está ainda disponível em grandes superfícies como a Fnac, mas tem sido distribuída por pequenas livrarias em Guimarães, Braga, Porto, Vila Nova de Gaia, Lisboa e Leiria, onde tem esgotado os seus exemplares.

MAIS DE 100 BANDAS ILUSTRADAS

Rita Nabais é professora de Português e Inglês e tem 42 anos. Quando era criança, tinha os seus oito anos, os pais ofereceram-lhe uma banda desenhada sobre a História da Música. Só que o livro terminava nos anos 60, com os Beatles, e Rita já vivia nos anos 80. “Questionei-me se não haveria mais bandas importantes e isso ficou-me na cabeça”, contou, realçando que esse livro de infância foi o primeiro empurrão para o mundo da música.
Ao mesmo tempo, quer o pai como o irmão sempre foram pessoas com muitos discos em casa que a influenciaram a ouvir bandas alternativas às que estavam na moda naquela altura, como a Madonna e o Bryan Adams. Depois, o contacto com o rock foi sendo constante. Rita Nabais chegou mesmo a ser a única mulher na mesa do júri do Concurso de Música Moderna de Alcobaça e também foi responsável pela organização de vários eventos ligados à música e ao cinema.
“A História do Rock – Para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada” surge numa altura em que a professora também escrevia crónicas de discos para jornais e sites de música. “Só que em vez de compilar essas crónicas, achei que seria mais interessante fazer uma enciclopédia de raiz, algo que nunca antes tivesse sido feito”, disse à Gazeta das Caldas, contando que escreveu várias listas com as bandas de rock que considerava mais relevantes e depois cruzou esses nomes com as listas que lhes enviaram músicos como Miguel Ângelo (Delfins), Miguel Ribeiro (The Gift) e Fernando Guerreiro (Moonspell).
“Não me podia ficar apenas pelas minhas escolhas pessoais porque o objectivo era conseguir um livro abrangente e viável”, explicou Rita Nabais. O resultado está agora à vista: 150 bandas ilustradas em 96 páginas, os grandes nomes do rock e de todos os seus subgéneros dos anos 50 ao novo milénio. Do Elvis Presley aos Beach Boys, dos Metallica aos U2, dos Sonic Youth aos Nirvana.
A autora dedica também as últimas páginas a glossários onde explica quais são os principais estilos musicais e define alguns termos associados à música, como “cantar à capela” ou “juke-box”. “Este é sem dúvida um livro único em Portugal e o primeiro do género porque foi pensado para crianças”, acrescentou a alcobacense, que optou por não incluir um capítulo dedicado ao rock português mas não põe de lado a hipótese de escrever um livro apenas sobre este tema.