Armando Silva Carvalho recordado em colóquio

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A obra e a vida do poeta foram recordadas por uma plateia de cerca de 50 pessoas no pequeno auditório do CCC

Cerca de meia centena de pessoas recordaram o poeta, que era natural do Olho Marinho

Cerca de meia centenas de pessoas juntaram-se, na tarde de sábado, no pequeno auditório do CCC, para recordar Armando Silva Carvalho, o falecido poeta, que era natural do Olho Marinho.
Henrique Fialho, que há cinco anos começou a organizar o Diga 33, contou que a ideia de organizar algo “para dignificar este grande escritor” surgiu numa conversa com José Ricardo Nunes. O mentor do evento recordou a sua relação com a obra do poeta e a importância das origens na escrita de Armando Silva Carvalho, que sendo obidense, estudou nas Caldas, no Externato Ramalho Ortigão. “Nas Caldas encontrou as diferenças de classes, a importância de ter um nome, um apelido”, contou Henrique Fialho, notando que o autor esteve 10 anos sem voltar à cidade termal.
Ana Marques Gastão lembrou a “obra ímpar de um amigo” e trouxe ao colóquio um emocionante momento em que realizou uma entrevista encenada, numa “ousadia minha que a amizade permite”. A entrevista impossível, realizada através da “invenção de um diálogo, agora impossível, mas viável”, foi criada com base em entrevistas feitas e em correspondência entre ambos. Ana Marques Gastão descreveu-o como “um ser inquietação”, alguém “fora do decoro do politicamente correto”, com “uma arquitetura vocabular singular”.
Já José Ricardo Nunes referiu-se ao poeta como “um nome incontornável, mas que continua a ser pouco conhecido”, daí a importância deste evento. “Conheci-o no lançamento de um livro no Museu de Ciclismo em 2002”, contou, salientando que existe uma obra do autor ligada às Caldas (“Contos da Feira”). A ironia e a crítica a uma sociedade assente nos lucros foram salientadas, assim como a sua “poesia crua, incómoda e ácida”.
Teresa Carvalho elogiou a realização da iniciativa e destacou a ironia e a paródia em Armando Silva Carvalho, enquanto que José Manuel Vasconcelos se regojizou por ver uma plateia tão composta para lembrar “um grande amigo”. Frisou que o autor “é um dos maiores poetas contemporâneos” e, portanto, “não pode ser esquecido e tem sido”, notando que “as editoras não têm valorizado suficientemente a sua obra”. O facto de também ser prosador e de ter escrito peças de teatro foi destacado. “Tinha um lirismo visceral, explosivo, que vinha de dentro”, definiu, salientando também o erotismo na sua obra.
Durante a tarde foram declamados textos do autor pelos atores do Teatro da Rainha e havia livros do poeta para venda, tal como dos oradores. ■