Fábio Carvalho e Tonico Auad foram os mais recentes artistas brasileiros que estiveram, durante o mês de Novembro, na Fábrica Bordallo Pinheiro para participar na iniciativa “16 BB – Bordallianos do Brasil”.
Vieram criar novas peças que serão postas à venda no próximo ano nos mercados português e brasileiro, internacionalizando a marca caldense do outro lado do Atlântico.
Fábio Carvalho, 46 anos, nem queria acreditar na oportunidade de vir à Fábrica Bordallo Pinheiro e ser um dos autores brasileiros a participar na iniciativa “16 BB – Bordallianos do Brasil”. Este biólogo que há 17 anos trabalha como artista plástico, é um conhecedor de cerâmica e além de ter feito investigação no Brasil, aprecia também o que se faz em Portugal “e pertenço e comunico com pessoas que gostam desta arte“, disse.
Este autor que frequentou bastante o Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, conhecendo bem a Jarra Bethoven, a grande peça que Bordalo levou para o Brasil e que acabou por oferecer às autoridades brasileiras. “Conheci primeiro o trabalho de Bordalo como caricaturista e cronista e só depois como ceramista“, disse o artista.
Na sua opinião, Bordalo Pinheiro foi um “homem incrível, muito moderno e que estava um século à frente do tempo dele”.
Nas suas obras, Fábio Carvalho, usa com frequência brinquedos de criança de guerra como tanques ou helicópteros que subverte unindo elementos femininos – como flores – a estes brinquedos marcadamente masculinos. “Nada pode ser tão demarcado, interessa-me questionar estes objectos“, contou o autor que está a trabalhar sobre uma obra de Bordallo Pinheiro, acrescentando-lhe a sua criatividade.
Participar neste projecto é para Fábio Carvalho “uma enorme felicidade pois é um privilégio poder trabalhar com um acervo com quase 130 anos!“.
Na sua opinião, a iniciativa “16 BB – Bordallianos do Brasil” serve para unir os dois países pois na verdade “temos muitas ligações e é só querer encontrá-las, somos irmãos nos problemas e nas qualidades“, rematou este autor.
Tonico Auad, é outro autor convidado, natural de Belém mas que vive e trabalha em Londres. Este artista plástico também estava a gostar de trabalhar com o património bordaliano acrescentando que fazer parte desta iniciativa era “uma oportunidade incrível“.
Até agora este autor – que expõe em Lisboa e Porto – só conhecia a obra de Bordalo de forma superficial e deixou-se encantar pois o trabalho bordaliano “é muito prolífico e em diferentes áreas. Como é que ele conseguiu uma produção nessa escala?”. Tonico Auad refere-se à grandiosidade de várias peças da sua produção “que não têm economia de tempo ou de esforços“. O artista plástico surpreende-se com o tempo e dedicação da sua equipa que lhe permitia a criação de obras realmente originais.
Sobre “16 BB – Bordallianos do Brasil” Tónico Auad diz que tem sido “excelente“, tem proporcionado trocas de experiências muito boas. “Todos sem excepção têm tido um grande entusiasmo e estão encantados com a obra de Bordalo“, contou o participante que está satisfeito também com o intercâmbio com os trabalhadores da fábrica.
Para a criação da sua peça Tonico Auad salientou o facto de poder trabalhar com moldes de peças que não estão em produção actualmente e é de facto “um privilégio poder trabalhar e interagir com moldes centenários”. Este artista plástico já tinha trabalhado em cerâmica há vários anos mas participar neste projecto em Portugal deu-lhe a oportunidade de voltar a laborar com esta tecnologia.
,disse este autor brincando com a facto de ser apreciador de cerâmica, que também colecciona. Conhece a produção brasileira e a portuguesa e conta que também é também fã de azulejaria.
“Foi uma ousadia da fábrica em ter contactado importantes artistas brasileiros e convidá-los para este projecto referente a Bordallo”, disse Elsa Rebelo, directora artística da fábrica. Na sua opinião, através deste intercâmbio “é possível encurtar o Atlântico”.
E congratulante ver estas plataformas que visam trocar experiencias entre artistas de Portugal e Brasil. sugestoes: gostaria de ver estendidas estas inicitivas para paises dos PALOPS