Columbano Bordalo Pinheiro, Sousa Pinto, Alberto Sousa e a Rainha D. Maria Pia são alguns dos autores que retrataram património caldense
Ao longo dos anos, Caldas da Rainha foi retratada pelos mais variados artistas.
São conhecidos e famosos os retratos da Rainha D. Leonor e os momentos e cenas do quotidiano captados pelo pintor naturalista e caldense, José Malhoa. Mas há muitos mais autores que escolheram retratar o património natural e edificado da cidade termal, alguns inesperados como é o caso da Rainha D. Maria Pia que retratou, num desenho, árvores da mata das Caldas. Esta foi uma das imagens que foi comentada a 16 de fevereiro, na terceira sessão do Ciclo de Conferências PH – Grupo de Estudos na Universidade Sénior Rainha D. Leonor e que foi dinamizada por Dóris Santos, e que teve como tema “Caldas da Rainha na Pintura. Os artistas da Estremadura”.
Perante uma plateia repleta de alunos daquela escola, a investigadora – que além de pertencer ao Património Histórico, também é a diretora do Museu Nacional do Traje – apresentou uma série de trabalhos artísticos que foram feitos em vários anos e que refletem vários pormenores de locais simbólicos das Caldas.
“Há muitas destas obras que pertencem às coleções dos museus e que são desconhecidas do grande público”, referiu a convidada.
Para a historiadora de arte, as pinturas, aguarelas e desenhos dos vários artistas provam que locais como o Parque, a Mata e o Pinhal (do parque) eram locais de lazer, de recreio e de usufruto da natureza. E quem tinha sensibilidade artística “aproveitava para realizar registos e muitos eram feitos ao ar livre e no local”. São os casos dos trabalhos da rainha D. Maria Pia e de Columbano Bordalo Pinheiro e que eram obtidos por observação direta. Entre muitos outros artistas, há obras que retratam as Caldas de Domingos Sequeira, José de Sousa, Silva Lino e Celestino Alves.
Sousa Pinto, por exemplo, também tem uma obra, feita a pastel, em 1917, e que se intitula “O Pinhal do Parque das Caldas da Rainha” (e que pertence à coleção do Museu de José Malhoa).
O interior da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo foi representada em várias pinturas de, pelo menos, três artistas.
Por outro lado, estes trabalhos – que pertencem às coleções de museus e fundações – estão longe dos olhares do público e “provam também como a arte pode contribuir para a memória e para a preservação da identidade coletiva”. Para Doris Santos os trabalhos não têm apenas uma leitura estética e ligada à História da Arte pois também dão a possibilidade ao público de recuar no tempo e de ver espaços que ainda hoje existem e “como estes eram há vários anos atrás”.
Durante a sessão foram vistas obras referentes à paisagem das Caldas, algumas com vista para Óbidos e, como ainda não havia construções de betão, nalgumas é possível avistar ao longe o castelo obidense. Há também várias marinhas, que retratam Peniche, Foz do Arelho e Nazaré, de vários autores. Em relação à pintura de costumes, Dóris Santos mostrou um trabalho de Alberto Sousa (1880-196) que retratou, nos anos 40, os vendedores da Praça da Fruta. Este artista retratou estas e outras figuras que captou pela então província da Estremadura, onde se incluem também as gentes da Nazaré. “Essas aguarelas marcaram presença na exposição de abertura do Museu de José Malhoa, em 1940”, rematou.■