O livro de Carmen Zita Ferreira e de Sandra Serra alerta para a necessidade de preservar os sobreiros e é uma alegoria do processo de crescimento
“Beatriz, a Árvore Feliz”, de Carmen Zita Ferreira e ilustrado por Sandra Serra, publicado em julho de 2023, pela editora Quarto Quesente, foi lançado, no sábado, 16 de setembro, na Biblioteca Municipal das Caldas. Na apresentação, a história do livro foi contada e cantada por Helena Caetano e Marta Presume.
O livro narra a história da Bolota Beatriz, que, quando se desprendeu da árvore-mãe, caiu num pedaço de terra junto à berma da estrada. Até que foi encontrada por uma família que a levou para sua casa e lhe deu um espaço no seu quintal. Aí, pôde deixar crescer as suas longas raízes, tornando-se num belo e forte sobreiro, com elegantes ramos ideais para os pássaros repousarem e com uma vasta e convidativa sombra. Beatriz Sobreiro, a quem todos chamam Beatriz, a árvore feliz. Contudo, passa por diversas tribulações e intempéries até ser recompensada, com dias de Sol e de acalmia, pela sua resistência, conta a sinopse.
A história, que já havia sido publicada em livro em 2017, numa edição, esgotada, da Trinta por uma linha, pretende alertar para a importância de “proteger estas árvores, que são nossas e que se dão tão bem na nossa terra”, explicou a autora, que se inspirou numa “experiência verdadeira de encontrar uma bolota, que tinha uma raiz pequenina e estava presa entre o alcatrão e a terra”.
A história da bolota é ainda uma alegoria da vida e do processo de crescimento do ser humano. “Gostava que as pessoas se revissem na história da bolota e que percebessem que nem sempre as coisas correm como queremos, mas temos de nos adaptar, continuar a crescer e a sobreviver e ter fé que o Sol volta”, explicou a autora. Trata-se de uma mensagem igualmente válida para os “adultos”, que também se contaram na plateia e foram interventivos.
Carmen Zita Ferreira é de Ourém, onde trabalha na biblioteca municipal, e já publicou seis livros infantojuvenis, dos quais quatro integram a lista de leituras recomendadas do Plano Nacional de Leitura (estando “Beatriz, a Árvore Feliz” a aguardar parecer da entidade). “O Bicho de sete cabeças – História de uma eleição democrática” foi o primeiro, o qual também foi ilustrado por Sandra Serra, atualmente a residir nas Caldas, que já ilustrou livros de José Fanha ou de Luísa Ducla Soares.
Com as contadoras de histórias Helena Caetano, de Torres Novas, e Marta Presume, de Pedrógão Grande, contam-se também diversas colaborações, como o teatro baseado em “O Morcego Bibliotecário”, apresentado em bibliotecas, escolas, jardins de infância ou festas de aniversário. Helena Caetano é ainda contadora de histórias em prisões e hospitais.
Para o Oeste não estão marcadas outras apresentações do livro.
A nova edição de “Beatriz, a Árvore Feliz” representa também a primeira publicação da editora Quarto Quesente, da autora, criada igualmente em julho, face à “necessidade de reeditar os livros que estavam esgotados”, nomeadamente, o citado. O nome da editora resulta de um trocadilho entre quarto crescente (da lua) e “Quarto que sente” (que é também o nome do blogue de Carmen Ferreira), “como se a lua conseguisse sentir”, sendo o logótipo da editora da autoria de Sandra Serra.
A editora ainda não está a publicar livros recebidos, nem o perspetiva fazer no próximo ano, devido à fase inicial em que se encontra, mas Carmen Ferreira afirma que “estamos abertos a isso”, “queremos crescer”. ■