
O Estúdio caldense Braz Gil que se dedica à produção de porcelana apresentou no sábado, 29 de Junho, um conjunto de peças pensadas para o mercado de luxo angolano, já que retratam vários símbolos nacionais daquele país.
A rainha da exposição, inaugurada no evento, é a “Palanca Negra Gigante”, uma espécie animal existente na selva angolana, de rara beleza, que a própria reprodução em porcelana, pintada à mão, reproduz. Presente na inauguração, Isabel Godinho, ministra conselheira, da Embaixada de Angola em Portugal elogiou as obras e disse que a cooperação entre os dois países “também passa pelas empresas familiares e não apenas para os grandes grupos económicos”.
Além daquela escultura foram também apresentadas outras obras como jarras e potes com outros símbolos angolanos e que se espera possam ter aceitação naquele país.
As obras apresentadas encontram-se em exposição para o público em geral, no jardim de Santa Isabel, que fica na Rua Diário de Notícias nº 201, próximo das instalações da empresa.
A Braz Gil Studio continua a apostar em nichos de mercado. Esta oficina que se dedica às peças em porcelana, dirigidas ao mercado de alta qualidade, apresentou durante o passado sábado uma colecção de peças que se dirigem sobretudo ao público angolano.
As obras foram dadas a conhecer em exposição sendo a “Palanca Negra” a rainha da mostra. Trata-se de uma bela peça em porcelana negra, uma peça de exigente execução técnica e que se for adquirida na Braz Gil custa 1500 euros. “Assim que abriu a mostra tivemos um cliente que nos pediu exclusividade neste primeiro exemplar”, disse Joaquim Braz Gil, o proprietário deste Estúdio onde foram criadas outras obras tendo em conta este mercado africano. Há jarras com pássaros típicos da mata, embondeiros e elefantes que agora decoram grandes peças, em notáveis trabalhos.
“Há muito que gostaria de produzir para Angola, chegou agora o momento de avançar com este projecto”, disse o empresário. Braz Gil chama a atenção para o facto de serem cada vez menos na Europa os projectos empresariais que se dedicam à porcelana manufacturada. “Este é um negócio que exige um grande treino, paciência e carradas de paixão”, disse o responsável que revela com gosto detalhes das necessárias cozeduras e pormenores da decoração com ouro de alguns exemplares. “Para se fazer peças com esta beleza tem que se misturar o negócio com a paixão”, acrescentou. A Braz Gil neste momento tem uma equipa de 12 funcionários e exporta, através dos seus clientes, para vários países como o Brasil, EUA, Inglaterra e para Médio Oriente.
Presente na inauguração esteve Isabel Godinho, ministra conselheira da Embaixada de Angola. “Gostei muito de conhecer estas peças que creio que podem fazer sucesso em Angola se forem bem divulgadas e apresentadas”, disse a convidada. Na sua opinião, a Braz Gil “é uma empresa familiar que não fica a dever nada a outras empresas do género do continente europeu”.
Considera ainda que a fábrica caldense “teria que aumentar a sua produção de modo a expandir para outros mercados”. Segundo a diplomata, o público em Angola “prima pela qualidade” e por isso acha que estas peças de porcelana “não ficarão em armazém”. Na sua opinião têm que ser bem “publicitadas, lançadas em catálogo e dessa forma poderão ter saída no mercado angolano”.
Para Isabel Godinho, a cooperação entre Portugal e Angola tem dado bons frutos nos últimos anos para os dois países e na sua opinião esta “não deve ser apenas para os grandes grupos”. Para a ministra conselheira “estão criadas as condições legais e políticas para a cooperação entre empresários dos dois países e creio que haverá muito a ganhar para todos”, rematou.
Como foi executado esse trabalho?
Para a pintura das obras a Braz Gil contou com a colaboração de Marcos Oliveira, ilustrador que está a trabalhar com o estúdio caldense há algum tempo. Nesta iniciativa apresenta também uma exposição de obras de ilustração e de pintura. Este artista habitualmente trabalha para o ICN, para o Oceanário de Lisboa, e para ONGS para quem faz ilustrações científicas. Bichos e plantas são feitas ao detalhe e é com o mesmo rigor que agora se dedica à pintura em cerâmica. Esta foi mais uma proposta da Braz Gil, “de retratar os símbolos de Angola, trabalho que estou a gostar muito”, disse o autor que vive em Lisboa.
Na pintura da Palanca Negra participou também Paulo Renato, que é pintor de cerâmica de Ílhavo, colaborador habitual do estúdio caldense.
Dedica-se a esta área há 32 anos e contou que foi um bom desafio pintar este animal, que é símbolo de terras angolanas. “Esta é uma peça muito exigente, esta foi ao forno três vezes”, contou o pintor que tem o seu próprio atelier na zona de Aveiro. Na sua opinião a cerâmica, como todos os sectores não vive bons momentos “mas continua a existir trabalho neste área do mercado de luxo”, rematou.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt