Catarina Gaspar e Carlos Oliveira foram os primeiros autores da tertúlia literária do MVC

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Gazeta das Caldas
Catarina Gaspar escreveu um livro que inspirou a peça “Valentina” de Carlos Oliveira | Beatriz Raposo
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A Associação MVC – Movimento Viver o Concelho tem uma nova iniciativa desde o passado domingo, 22 de Abril. Designa-se Tertúlia Literária e tem o objectivo de proporcionar momentos de convívio na companhia dos livros, estimulando ao mesmo tempo hábitos de leitura. A primeira convidada foi Catarina Gaspar, que veio de Arruda dos Vinhos para apresentar o livro “Mulheres Azuis – Guardiãs da Luz”, obra que também inspirou o escultor caldense Carlos Oliveira a criar a peça “Valentina”.

Catarina Gaspar tem 52 anos e nasceu na aldeia de Galveias, no Alto Alentejo. Logo em pequena foi morar para Arruda dos Vinhos e actualmente trabalha como solicitadora. É também presidente da Assembleia Municipal neste concelho, onde pela primeira vez uma mulher desempenha o cargo. É assim que o caldense e escultor Carlos Oliveira começa por apresentar a sua amiga de longa data.
E continua: “falando dela enquanto escritora, é uma pessoa com uma entrega muito grande, veste-se dela mesma e a sua obra reflecte a sua pessoa na forma mais simples, autêntica e amiga”.
Catarina Gaspar e Carlos Oliveira são dois amigos unidos pelo gosto das artes e com o hábito de partilharem um com o outro os rascunhos das suas obras. “Mulheres Azuis – Guardiãs da Luz” é o exemplo máximo disso, pois levou o próprio caldense a criar uma peça inspirada no livro. Chama-se “Valentina”, tal como o último conto.
O livro de Catarina Gaspar, editado em 2014 pela Mahatma, é o conjunto de nove contos, todos sobre mulheres. Só mesmo o primeiro – “A louca” – é que não adopta o nome de uma figura feminina. Há depois a “Sara”, a “Clarissa”, a “Rosa”, a “Concha”, a “Flor”, a “Teresa”, a “Bárbara” e a “Valentina”. “Todos os textos são ficcionados, mas inspiram-se um bocadinho em histórias reais que fui recolhendo ao longo da vida”, disse a autora, salientando que temas como a maternidade, a lealdade, a liberdade, o amor, o erotismo e a violência doméstica podem ser reconhecidos nas suas palavras. Há também uma personagem que é uma homenagem à Florbela Espanca – escritora que levou Catarina Gaspar a apaixonar-se pela escrita – outra que é inspirada numa amiga com Alzheimer e uma terceira que faz referência à sua própria mãe e às raízes alentejanas.
Durante a apresentação, a autora leu passagens do livro, deixando por várias vezes o público emocionado, não só pelo conteúdo das histórias, mas sobretudo pela forma como se expressou com as palavras. Desde logo, Catarina Gaspar surpreendeu os presentes quando lhes entregou uma folha de papel em branco, no início da sessão. Pediu a todos que abanassem as respectivas folhas, gerando-se um barulho desagradável na sala. “É assim, com este ruído na mente, que a maioria das pessoas fica quando lhes falamos em literatura, como se fosse uma chatice”, disse a convidada, que logo em seguida pediu aos participantes que amachucassem os papéis e os abanassem de novo. Já não faziam barulho.
“Agora já estamos todos disponíveis, juntos e de mente aberta, para podermos iniciar esta partilha literária”, acrescentou.
Catarina Gaspar foi a primeira convidada da tertúlia literária do MVC, um evento que todos os meses apresentará novos convidados na sua sede (Rua Henrique Sales). Mariana Bernardino e Rodrigo Santos também animaram a sessão com vários momentos musicais. O projecto pretende ainda que o público escolha um livro da biblioteca da associação para que no mês seguinte cada um partilhe a sua experiência.

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