Ceramista espanhol que corre o mundo deu formação na Barracha

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Os workshops deste artista espanhol esgotam muito rápido. Além de ceramistas participaram cineastas e arquitetos
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Alberto Bustos corre o mundo a ensinar as suas especiais técnicas de cerâmica. Esteve na semana passada em Valado dos Frades

Alberto Bustos é um ceramista que não tem problema em partilhar os seus conhecimentos. É um autodidata com dezenas de anos de experiência e que viaja pelos cinco continentes para ensinar as técnicas especiais com que desenvolve o seu trabalho cerâmico.
As peças que elabora, conhecidas no mundo da cerâmica, parecem verdadeiras algas vivas que contrastam com bases escuras e que lembram as questões da preservação ambiental, hoje tão na ordem do dia.
Os workshops deste artista espanhol esgotam as vagas assim que abrem e vendo o ceramista em ação, percebe-se porquê. Alberto Bustos explica tudo: como se fazem os filamentos, um a um, como se espalha tinta com a ajuda de instrumentos como… uma escova de dentes. Trabalha de forma diferenciada e sem problemas em revelar segredos. As vagas para participar na formação que veio dar à Fábrica Barracha, em Valado dos Frades (Nazaré), esgotaram rapidamente e não cativaram apenas ceramistas. Do grupo de trabalho – que teve de ser desdobrado – fizeram parte também cineastas, arquitetos, artistas de outras áres e até profissionais de saúde com ligação a esta área artística.
“Mais de 90% do meu trabalho é feito fora de Espanha”, disse o autor à Gazeta das Caldas, lamentando não poder trabalhar mais no seu país.

Admirador de Bordalo
Alberto Bustos esteve nas Caldas e deixou-se encantar pela cerâmica de Bordalo Pinheiro, “Cheia de elementos naturais e animais e que unem o decorativo ao utilitário. Gostei muito de conhecer a sua produção”, afirmou este autor que se dedica à cerâmica há 30 anos e há uma década que só se dedica apenas à cerâmica.

As peças de Alberto Bustos chamam a atenção para a necessidade de preservar o mundo natural

Alberto Bustos corre os cinco continentes, ensinando as suas técnicas
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Alberto Bustos considera que a sua preocupação com o mundo natural se prende com o facto de ter nascido em Valladolid, local que é totalmente urbano e com muito pouco espaço verde e daí ser este um aspeto marcante do seu trabalho. “Creio que é por ter sentido a falta do mundo natural que utilizo a fisionomia vegetal para transmitir a minha mensagem”, contou o ceramista, que salienta que cada peça é um pouco de si e da sua própria história. Além disso, considera que a degradação do planeta “é algo que afeta todo o mundo e que tem que nos levar a agir”.
Entre os formandos estiveram duas ceramistas caldenses, que aprenderam trabalho a grés, a porcelana e também o vidro. “Ele é um autêntico mestre a trabalhar o barro. faz parecer que é tudo fácil e ensina tuo o que sabe”, comentou Sara Cardina, que se deslocou à fábrica com Isabel Cardina
“É muito bom vir de coração aberto e poder partilhar com os outros tudo o que sabemos”, disse Helena Brizido, docente de cerâmica no Ar.co, que participou com algumas das suas alunas, agora já ceramistas com os seus próprios espaços. A professora considera que a cerâmica vive um bom momento em Portugal com “o reinteresse pela arte por parte do público”.
Entre os formandos esteve, também, Luís Filipe, enfermeiro na Ortopedia do Hospital de Leiria. “Adorei conhecer Alberto Bustos que nos ajuda a libertar de tudo e tem uma leveza incrível em todo o seu trabalho”, observou. ■

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