Entre os dias 31 de Agosto e 2 de Setembro, José e Amélia Sá Nogueira estiveram presentes na bienal internacional Argillà Italia que teve lugar em Faenza.
Trata-se de um dos maiores acontecimentos europeus ligados à cerâmica que este ano atraiu mais de 150 mil pessoas durante os três dias de realização. Além de exposições em museus e galerias, houve iniciativas como concursos de roda, fornos-espectáculo e mercados onde 200 ceramistas de todo o mundo se deram, a conhecer.
Foi a primeira vez que o casal de ceramistas caldenses participou nesta iniciativa, numa “cidade que vive em permanência de eventos ligados à cerâmica”, contaram José e Amélia. A seu lado, no mercado, ficou também Guilherme Férias (ceramista de Reguengos de Monsaraz) que faz bonecos usando uma técnica japonesa. “A feira correu muito bem, à excepção do mau tempo que nos estragou um dia de mercado”, referiram à Gazeta das Caldas, acrescentando que Faenza é pontuada por pequenos ateliers e galerias abertas que fazem com que a cerâmica esteja em contacto directo com o público. “Até as rotundas são decoradas por grandes peças de cerâmica”, recordou o casal, que apontou como único senão a tempestade que caiu no segundo dia “que destruiu alguns stands”.
Por toda a cidade há imensas iniciativas a decorrer sendo o mercado uma das que movimenta mais visitantes. José e Amélia levaram os seus azulejos e optaram por não traduzir a palavra, mesmo numa terra onde ninguém fala inglês. “Toda a gente reconhecia o azulejo como produto da identidade portuguesa, sem necessidade de recorrer às traduções de tiles ou piastrelli (mosaico de pavimento e de revestimento)”, disseram acrescentando que a própria palavra azulejo já adquiriu dimensão internacional. “Fomos muito bem recebidos por todos. Há uma ligação forte com quem já esteve em Portugal”, contou o casal de expositores que foi contactado por vários italianos.
TODOS SE TRATAM POR IGUAL
Os Sá Nogueira acham que “toda a gente se trata como igual, sem se pôr em bicos de pés”, disse o casal que teve a oportunidade de visitar vários ateliers de trabalho onde laboram autores das mais diversas nacionalidades.
Num deles encontraram a argentina Vilma Vilaverde, escultora de cerâmica que após visitar Barcelona, virá a Portugal. Prontamente a convidaram a vir às Caldas para trabalhar no seu atelier de A-dos-Francos. “Constatamos como os ceramistas estabeleceram uma rede mundial e nós temos que ter capacidade de fazer parte dessa rede e ao mesmo tempo valorizar a produção cerâmica local”, contou o casal Sá Nogueira, que acha que os portugueses “têm muito a aprender até na forma de nos relacionarmos uns com os outros”.
O casal, que está a pensar participar no próxima edição em 2020, acha que há nas Caldas condições para realizar eventos como os de Faenza. “Basta que haja vontade de fazer, gente que esteja verdadeiramente motivada em transformar as Caldas num efectivo centro de cerâmica”, disseram, acrescentando que seria bom que existissem ateliers e lojas de cerâmica no centro histórico da cidade.