Criada nas Caldas da Rainha a Cerveja Bordallo

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cervSeguindo uma moda crescente na Europa e nos Estados Unidos, as Caldas da Rainha vai passar também a ter uma cerveja artesanal. Trata-se da Bordallo, uma cerveja artesanal que nasce do gosto de cinco amigos por esta bebida e pelo inconformismo em relação à “homogeneidade da oferta disponível na região”. A Cerveja Bordallo quer ser um ícone das Caldas, como as cavacas ou a louça tradicional.

Ricardo Azevedo, Pedro Azevedo, Miguel Morais, Paulo Bastos e Pedro Silva são cinco amigos entre os 20 e os 40 anos e trabalham em empregos diferentes. Mas todos os fins de semana se juntam para produzir a Cerveja Bordallo. Uma actividade que começou por ser uma brincadeira, mas que agora ganhou uma dimensão mais séria desde que resolveram comercializá-la.
Foi em 2012 que começaram a fabricar cerveja para regar os animados convívios de fim-de-semana que regularmente organizam numa garagem na Encosta do Sol. Daí para cá, têm vindo a aprofundar conhecimentos e a experimentar várias receitas, sempre na ideia de produzir para “matar a sede”.
Mas o “sumo de cevada” dos cinco amigos, à medida que era provado por colegas e familiares, conquistava mais e mais entusiastas.
“Vimos uma oportunidade e quisemos ser os primeiros da região”, contou Miguel Morais à Gazeta das Caldas. Facto que os levou a fazer uma primeira experiência de vendas através do Facebook, tendo a procura superado largamente as expectativas. “Também tivemos a sorte de ser contactados pelo tipo de estabelecimentos que queríamos”, contou Ricardo Azevedo, que não quer que a sua cerveja esteja à venda em qualquer sítio.
A ideia não é competir com as grandes marcas, mas sim conseguir entrar no mercado local. “Queremos explorar o conceito de microcervejaria regional” explicou Paulo Bastos. Por outro lado, o grupo ambiciona que o produto se torne um marco das Caldas e que possa ser oferecido como uma lembrança da cidade.
A cerveja Bordallo será comercializada a partir do próximo mês de Maio, estando o grupo, actualmente, a tratar da legalização da empresa. Nesse processo burocrático já conseguiram registar o nome e concorreram a um espaço do programa Caldas Empreende onde pretendem instalar a sua unidade produtiva e degustiva.
E é muito complicado produzir cerveja? Paulo Bastos diz que “é como fazer pão… É simples, mas tem de se ter atenção a certos pormenores como a higiene, a segurança ou a qualidade dos produtos”.
Gazeta das Caldas tentou perceber o que distingue esta de uma cerveja industrial. “Quando se come um papo-seco, é pão… E quando se come pão da avó feito no forno a lenha, também é pão…”, exemplifica Pedro Azevedo. O mesmo se passa com a cerveja: há a industrial e massificada e há a artesanal com um sabor bastante diferente.
Essa diferença assenta sobretudo no facto de a Bordallo não levar gás artificial, nem corantes ou conservantes e de também não ser filtrada ou pasteurizada. Estes factores “garantem melhores aromas e distinção” afirmou Paulo Bastos.
No entanto, esses mesmos factores levam a que a validade seja muito inferior à das grandes marcas de cerveja industrial pois enquanto estas duram 18 meses, as artesanais ficam-se pelos seis meses.
“O processo de produção dura um sábado inteiro, mas isso é porque aqui o convívio é grande” contou-nos Pedro Azevedo, explicando depois que primeiro os cereais são moídos, depois junta-se-lhes água quente e fica em brassagem entre 30 minutos a uma hora. De seguida o cereal é filtrado, o mosto é fervido e junta-se lúpulo, para depois arrefecer rapidamente o mosto, juntar o fermento e deixar a fermentar durante duas semanas.
A matéria prima vem da Bélgica e da Alemanha, mas o grupo procura actualmente fornecedores locais para o seu negócio.
Para além do facto de ser um produto feito por apreciadores, a identidade forte que o nome lhe confere e o ar tradicional do rótulo e da garrafa são dois dos trunfos que o grupo de amigos vê nesta cerveja e que os levou a arriscar neste negócio, apesar de cada um ter o seu trabalho durante a semana.
Dos cinco amigos apenas Pedro Silva nasceu nas Caldas, mas todos vivem desde crianças na cidade. Dois são de Lisboa, outro de Coimbra e outro de Aveiro.
A partir de Maio o leitor poderá encontrar a cerveja Bordallo à venda, mas escusa de a procurar no supermercado. Terá de a pedir em alguns bares e lojas tradicionais da cidade.