Crianças refugiadas da Segunda Guerra na região

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Mário Branquinho do CCC e a historiadora Carolina Pereira, durante a partilha que decorreu após o visionamento do filme
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Documentário sobre crianças austríacas que vieram para Portugal após a Segunda Guerra, motivou debate no CCC

O documentário “Viagem ao Sol” de Ansghar Schaefer e Susana de Sousa Dias foi exibido no CCC, a 1 de maio e contou com a presença de Carolina Pereira, historiadora que se tem especializado no tema dos refugiados. É de sua autoria o livro “Refugiados da Segunda Guerra Mundial nas Caldas da Rainha (1940-1946)”. “Uma das cidades portuguesas que tem acolhido vários refugiados em diversos períodos históricos, é as Caldas”, disse a convidada, antes do visionamento do filme. Durante o seu doutoramento, investigou as chamadas residências fixas dos refugiados da Segunda Guerra, e fora de Lisboa, foram a Ericeira e as Caldas que acolheram mais estrangeiros, que fugiram do conflito. “As Caldas começou logo a acolher refugiados a partir de 1940 e terão passado por cá mais de duas mil pessoas, entre judeus e não judeus”, acrescentou a historiadora. Carolina Pereira partilhou também que Alcobaça, no início dos anos 40, enviou uma carta ao Governador Civil de Leiria comunicando que também queria acolher refugiados, tal como acontecia nas Caldas. “Também cá temos hotéis, pensões, cafés e restaurantes”, referiu o presidente da Câmara alcobacense da época. A autora está a preparar novo livro sobre os refugiados do século XX em Portugal onde abordará de novo as Caldas.
O filme tem por base imagens de arquivo e testemunhos de antigas crianças austríacas enviadas no pós-guerra para Portugal que são intercaladas com os seus testemunhos e antigas fotografias de arquivo, tudo sempre a preto e branco. Além de retratar o estado ruinoso em que ficou Viena, o documentário inclui momentos da viagem para Portugal, feita de navio, de comboio e alguns de avião, numa iniciativa da Cáritas. E mostra como foi viver, integrados em famílias portuguesas, de várias regiões. Há relatos emotivos de crianças que se adaptaram e que depois já não queriam regressar. A separação não foi fácil e há relatos de alguns dramas em resultado da partida das crianças. “A partir de 1949, as famílias convidavam as crianças a retornar para por cá passar as férias”, disse Carolina Pereira.Houve também algumas que ficaram a viver em Portugal. Na fase da conversa com os presentes houve a partilha de histórias de crianças refugiadas que foram acolhidas por famílias em Peniche, Óbidos e outras ligadas a S. Martinho do Porto. “Algumas deixavam de saber falar alemão”, contou a historiadora referindo que além das crianças austríacas, o país também acolheu crianças húngaras, russas e alemãs. ■

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