Crónicas de Bem Fazer e de Mal Dizer – CVX / UMA BELEZA LISBOETA

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Hoje escolho para nos fazer companhia um belo livro intitulado “Portugal: os Monumentos: a Paisagem: os Costumes: as Curiosidades”. De formato horizontal, com uma capa cujo papel assemelha-se ao kraft, é impresso a letras pretas e vermelhas. Editados vários volumes dedicados a diferentes assuntos, este, é dedicado à “Madre de Deus”, sendo ilustrado com fotografias a sépia. É um álbum de uma elegância e de uma beleza marcante, como a maioria dos livros saídos das máquinas tipográficas da Companhia Editora do Minho. O seu autor é Aarão de Lacerda.
E assim começa:…
“No ano de 1509, D. Leonor de Lencastre, viúva de D. João II, resolvera construir um cenóbio para sua devoção e morada eterna, onde “como pobre” seu corpo fosse sepultado.
Num ambiente de grandes infortúnios vivera esta singular figura de mulher. Em agosto de 1484 perdera seu irmão, o duque de Viseu, e seu cunhado, o duque de Bragança, que expiraram com a morte o crime de regicidas, o primeiro apunhalado pelo próprio Rei e o segundo degolado em Évora, no cadafalso. Tinham decorrido quási vinte anos sobre a tragédia do Campo de Alfange, nas proximidades de Santarém, em que desastradamente morrera seu filho o Príncipe D. Afonso, casado havia pouco, na cidade de Évora com grande esplendor. O falecimento do monarca levou D. Leonor a afastar-se da corte, das suas festas, e a procurar contrita o caminho da perfeição, pelo empreendimento mais intenso de obras piedosas e edificantes. Projetou então uma clausura que se tornasse «o caminho da perfeição», pelo empreendimento mais intenso de obras piedosas e edificantes. Projetou então uma clausula que se tornasse «um espelho de operações exemplares», onde ela entraria, sem contudo renunciar plenamente à sua liberdade, ficando deste modo ainda ligada à vida secular, no que esta tem de mais elevado, colaborando ou promovendo ativamente com o seu cristaníssimo espírito de franciscana, a fundação de obras de grande alcance social, como já fora em 1498 a criação, em Lisboa, da Misericórdia, e prolongando a sua atividade em iniciativas que sendo religiosas, se revestiam também de um significado intelectual e artístico tam grande que justamente ela é por isso considerada uma das criadoras do grande ciclo áureo do nosso renascimento.”
Após esta introdução, resta-me convidá-los a visitar o Convento da Madre de Deus, hoje Museu do Azulejo.