UMA PASSAGEM PELAS CALDAS

José Andrés Cornide de Saavedra e Fogueira, nascido na Corunha a 25 de Abril de 1734, a partir dos seus vinte anos de idade até quase até à data da sua morte, em 1801, realizou várias viagens por quase toda a Península Ibérica.
De 1798 a 1801 percorreu as províncias portuguesas, mas o relato que aqui vos trago é referente ao ano de 1772. Sabe-se hoje que o verdadeiro interesse de José Andrés Cornide pelo território português, não era simplesmente turístico, pois obedecia a específicas instruções de espionagem.
Em 2010, Mário Rui Simões Rodrigues, publicou “O Diário Perdido da Viagem de José Cornide por Espanha e Portugal” sendo a editora o CEPAE – Centro do Património da Estremadura, que o incluiu na sua coleção “Estudos e Documentos”.
É este livro que nos serve de fonte informativa, e pela sua leitura, ficamos a saber:
“… Antes de Óbidos, um outro tipo de edificação e de constituição, de natureza completamente diferente dos demais que anteriormente visitara, recebeu José Carnide: O Hospital Termal das Caldas da Rainha.
Pelo menos desde o século XIII que há notícia da existência de águas termais junto da vila de Óbidos, mas coube à Rainha D.ª Leonor o mérito de ter edificado junto dessas «caldas» um hospital para apoio dos doentes, ao qual se ligou a construção de Igreja de Nossa Senhora do Pópulo para lhes dar assistência espiritual.
José Carnide passou nas Caldas da Rainha a 5 de Maio de 1772, vila onde viu os «celebris banos descubiertos de Don Juan 2.º. com motibo de haver venido á Obidos su muger la Reyna Dona Leonoe» de acordo com determinada tradição.
Quando casou com D. João II, em 1482, D.ª Leonor recebera como dote, entre outros bens, a vila e o termo de Óbidos. Um dia que por ali passou, segundo repete uma das tradições, viajando entre Óbidos e a Batalha, D. Leonor observou que saía «algum humo de un bosque que havia entonces en el sotio que hoy esta villa» e «informada de la causa» mandou «limpiar el terreno, y formar los banos, erijiendo un hospital en beneficio de los pobres que los viniesem á tomar; dotandolos com 20 mil cruzados de renta.»
É a repetição de uma história já nossa conhecida. A diferença está no facto de o relator ser um viajante galego, José Carnide, que deu a conhecer no seu país as suas viagens por terras de Portugal.
