No outro dia fui a Tomar e em vez de vir de lá na companhia de um templário trouxe um pequeno e frágil livro intitulado “A Rainha D. Leonor e a Santa Casa de Misericórdia de Olivença”. Há sempre um mundo a descobrir nas ruelas antigas das velhas cidades, principalmente quando numa rua esquecida, para minha satisfação encontro um alfarrabista. Uma tentação irresistível. Este livro da autoria de Amadeu Rodrigues Pires foi publicado no ano de 1963 e constituí uma separata da revista ilustrada “Portugal d’Aquém e d’Além Mar.” De dimensões reduzidas, 16 x 23,5 cms e 27 páginas numeradas, descreve-nos a história da criação de confrarias com o desígnio na criação de várias Misericórdias.
Tomo a palavra ao autor e passo a transcrever: “Pela morte de El-Rei D. João II, subiu ao trono o seu cunhado El-Rei D. Manuel I e como tinha pela Rainha viúva, sua irmã, a maior ternura, para corresponder aos seus desejos, construiu em Lisboa, em 1498, a primeira confraria de Nª. Sª. do Amparo, ou da Misericórdia, e seguidamente outras cidades e vilas importantes, Porto, Évora, Coimbra, Elvas, etc., seguiam entusiasticamente este grande exemplo de filantropia e generosidade; até que em 20 de Novembro de 1501, se reuniram na pequena vila de Olivença, “de los domínios portugueses”, por iniciativa do Rei-Venturoso, os magistrados e as autoridades camarárias, com a presença da nobreza e do clero e do povo, estando também presente um delegado de sua Majestade, o escudeiro Álvaro de Guida, e assim se institui a primeira confraria da Misericórdia de Olivença, que embora, hoje, se encontre melhorada, conserva no entanto, a sua primitiva expressão e finalidade. E sob ingerência de oliventinos natos, continua a manter, como as suas congéneres, administradas pelo esforço português, as tradicionais obras de caridade para que foi fundada, pelo cérebro iluminado de Frei Miguel, da Ordem da Santíssima Trindade, com o caritativo patrocínio da excelsa Rainha D. Leonor de Lencastre, a Princesa Perfeitíssima, como a cognominou, em hora feliz, Frei Jorge de S. Paulo.”
É esta página mais uma pequena contribuição para um melhor conhecimento da Rainha protetora da nossa cidade.