Escolas de música adaptam-se às novas tecnologias

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Madalena Filipe, aluna da Academia de Música de Óbidos na sua aula on-line de violino | D.R.

As escolas de música da região estão a adaptar-se às novas exigências e todas têm conseguido chegar aos seus alunos através da internet. Todas as escolas vão preparar os seus estudantes  que se vão candidatar ao ensino superior e querem garantir que nenhum estudante desista do ensino artístico.

 

O Conservatório das Caldas (CCR) adaptou-se rapidamente “às condições excepcionais que vivemos”, disse à Gazeta Sara Pedreira, elemento da direcção pedagógica da escola. A prioridade consistiu em agilizar, desde 16 de Março, as aulas à distância para que os alunos não perdessem matéria nem acumulassem conteúdos. Por essa razão, os docentes recorreram a plataformas como o Zoom e o Google Classroom mas, neste momento, avançaram para a plataforma Microsoft Teams. Esta permite a realização das aulas online e nesta segunda fase “todos os docentes estarão a leccionar as suas aulas online, no seu horário habitual de aula”, referiu a responsável.
O Conservatório das Caldas tem cerca de 350 alunos e 50 colaboradores (pessoal docente e não docente) e actualmente trabalha com seis agrupamento escolares e com um colégio privado,abrangendo os concelhos das Caldas, Bombarral, Cadaval e Rio Maior. Labora com os Agrupamentos de Escolas D. João II, Agrupamento de Escolas Bordalo Pinheiro, Agrupamento de Escolas Raul Proença, Colégio Rainha D. Leonor (Caldas), Agrupamento de Escolas Fernão do Pó (Bombarral), Agrupamento de Escolas do Cadaval) e Agrupamento de Escolas Fernando Casimiro Pereira da Silva (Rio Maior).
Sara Pedreira diz, ainda, que os empregos dos colaboradores “estão assegurados” e explicou também que, por causa da velocidade dos acontecimentos e com o acréscimo de trabalho e isolamento social, muitos colaboradores “poderão necessitar de falar com alguém que os possa escutar e ajudar a construir rotinas com menos carga”.
Como tal, a expensas do CCR, os colaboradores podem recorrer a tele-consultas de apoio psicológico. A instituição tem vindo a agilizar contactos com as instituições de ensino superior para as quais os alunos pretendem concorrer. “Temos quatro alunos a frequentar o 12º ano e três pretendem prosseguir estudos no ensino superior”, disse a responsável, sublinhando que se não possuírem instrumento próprio “será facilitado o acesso aos que temos no CCR”. Esta regra de “abertura” de portas aplica-se apenas a alunos do 12º ano.
No CCR foi realizado um questionário aos encarregados de educação para conhecer as preocupações encontradas pelos alunos e encarregados de Educação nesta fase de suspensão lectiva presencial. Segundo a responsável muitos referiram a “falta de tempo por excesso de tarefas” (tanto do Ensino Regular quanto do Ensino Artístico Especializado) e, como tal pediram aos seus professores para lhes dar mais tempo para as realizar. Sara Pedreira referiu que é necessário “manter uma atitude serena e o compromisso com a vida académica que têm vindo a demonstrar no CCR”.

“Que nenhum aluno desista!”

Pedro Filipe, director da Academia de Música de Óbidos, explicou à Gazeta das Caldas que a partir do dia 12 de Março, “começaram “a pensar em soluções recorrendo a aulas gravadas e, em seguida, a aulas à distância”. Neste momento, já se estão a realizar semanalmente cerca de 450 horas de aulas on-line. O responsável pela escola obidense garantiu que nas últimas duas semanas do segundo período conseguiram “chegar a todos”.
A academia obidense  que, habitualmente, se encontra a trabalhar com uma dezena de agrupamentos escolares dos concelhos de Óbidos, Caldas, Peniche, Cadaval e Lourinhã, têm parceria com várias escolas como as dos Complexos Escolares do Alvito, Furadouro e Arcos (Óbidos), Escola EB 2,3 Dr. João das Regras e/ou Escola EB 2,3 de Ribamar), EB 2,3 de Atouguia da Baleia) com a EB 2,3 e Sec. de Cadaval e ainda com os Colégios Frei Cristovão e Rainha D. Leonor, ambos nas Caldas.
Esta comunidade escolar está a usar, no momento, a plataforma Microsoft Teams e ainda conseguiram dar alguma formação aos seus docentes.
“Vamos continuar a usar essa plataforma durante o 3º período”, disse o director, que é também maestro do coro daquela escola. Pedro Filipe acrescentou que, neste momento, já estão a respeitar os horários presenciais das aulas de música, com a diferença que agora as lições de música decorrem à distância e com recurso à internet. É desta forma que estão a tentar mitigar a situação causada pelo confinamento e desta forma não prejudicar a aprendizagem dos seus alunos.
Os alunos da Academia de Música de Óbidos que vão ter exames “estão neste momento a trabalhar nas suas casas, ensaiando as peças que terão que apresentar nos exames”, referiu o maestro Pedro Filipe.
O responsável espera que seja possível, no final do período de quarentena, fazer as gravações das avaliações com os instrumentos na escola.
A Academia possui 340 alunos e, neste momento, está a conseguir manter ao serviço os 40 professores, alguns dos quais trabalham naquela escola a tempo inteiro
enquanto que outros estão a meio tempo). “Contactamos semanalmente com todos os nossos estudantes”, comentou o maestro.
Pedro Filipe acrescentou também que o Ministério da Educação também tem cumprido com o apoio habitual, o que tem permitido manter a estrutura educativa.
“Um dos nossos principais objectivos é que nenhum dos alunos desista do ensino da música”, disse o dirigente.
O maestro ainda acrescentou que os responsáveis desta escola são sensíveis aos casos de dificuldades financeiras das famílias em relação aos pagamentos mensais.
Em relação às preocupações de Pedro Filipe, e assegurada a saúde de todos, “é preciso manter os alunos ocupados e a trabalhar para que seja possível a salvaguarda dos postos de trabalho”.  

 

 

Academia de Música de Alcobaça pretende manter projecto e identidade

 

A Academia de Música de Alcobaça está a leccionar on-line a generalidade dos cursos, embora  registe “alguns constrangimentos nas aulas à distância nalgumas faixas etárias, nomeadamente nos alunos mais novos”, informou Susana Martins, directora executiva da Banda de Alcobaça, entidade titular da Academia de Música e da Academia de Dança de Alcobaça.
Os docentes e alunos têm usado as plataformas Google Classroom (gestão de salas de aula) e Meet (videoconferência), apesar de os professores de instrumento, no caso dos cursos de música, usarem outras plataformas de vídeo-conferência.
No ensino artístico especializado a Academia tem 625 alunos (música e dança) e 61 professores. Possuem também 43 professores nos Projectos Para a Comunidade (PPC) da área de cariz mais social e que abrangem 2571 alunos.
No ensino artístico especializado, a escola possui protocolos com cinco agrupamentos: AE Cister (neste caso acresce o curso básico de dança em regime articulado), AE Benedita, AE S. Martinho do Porto, AE Rafael Bordalo Pinheiro (EB Santa Catarina) e AE Marinhas do Sal (Rio Maior). Para além destes agrupamentos, a instituição trabalha também com o Externato Cooperativo da Benedita e com o Colégio Frei Cristóvão (A-dos-Francos). Na área dos PPC trabalha directamente com 41 instituições nos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Caldas, Marinha Grande e Porto de Mós.
“Estamos a fazer um esforço para manter o máximo de postos de trabalho, bem como as condições remuneratórias possíveis nas diversas áreas de intervenção da instituição”, disse Susana Martins, acrescentando que até aqui ainda não se verificou qualquer redução. Na vertente pedagógica, além da garantia de que todos os alunos têm acesso às novas formas de aprendizagem, é “preocupação colmatar uma das vertentes mais importantes do ensino artístico que são as apresentações públicas”, disse Susana Martins, revelando a preocupação relativa à preparação do próximo ano lectivo no ensino artístico especializado. É que o acesso assenta em provas práticas que “não serão possíveis de realizar como habitualmente”. No que respeita ao futuro, a directora-executiva receia que o regresso à normalidade a adoptar pelas entidades competentes, possa condicionar a actividade deste ensino. “Estamos todos comprometidos a passar por esta fase sem perdermos a identidade que nos caracteriza de agente de relevo na comunidade”, rematou.