Escultura sobre o 16 de Março anunciada para o ano passado será inaugurada em 2018

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Noticias das Caldas
Uma cerimónia com pouca pompa e circunstância no local onde vai ser colocada a obra comemorativa | N.N.

O 43º aniversário do 16 de Março foi assinalado em frente ao quartel caldense, no local onde será colocada no próximo ano uma obra que recordará aquela efeméride. Da autoria de José de Sta. Bárbara, a escultura foi anunciada em 2015 para o ano seguinte, mas só será concretizada em 2018.
Também para ajudar a perpetuar aquela data, será lançado em 2019 uma banda desenhada da autoria de José Ruy, autor que já dedicou um álbum às Caldas da Rainha nos anos 90.

A sessão comemorativa teve início ao meio-dia, à entrada da Escola de Sargentos do Exército (antigo RI5), no mesmo local onde há 43 anos saía a coluna dos militares revoltosos que queriam acabar com o regime e que pensavam que se iriam reunir aos seus congéneres de outros quartéis. O golpe falhou, mas serviu de ensaio para o que viria a suceder-se no mês seguinte em 25 de Abril.
Como o ambiente é de pré-autárquicas, há candidatos de várias forças políticas que agora participam em tudo o que é sessão pública. Além de políticos locais, marcaram presença alguns dos militares que fizeram parte do 16 de Março.
A maquete da futura escultura foi colocada num estrado, forrado a alcatifa vermelha, no terreno fronteiro à entrada do quartel. O escultor Santa Bárbara explicou-a: “terá oito metros de altura, assentará numa base de betão escuro que representa os muros que existiam antes do 25 de Abril”. Dessa estrutura vai sair, como fogo de artifício, “peças como estrelas e bolas que surgem como se fossem atiradas por um canhão”. Estes elementos não vão estar estáticos,  “pois abanarão com o vento, dado que representam algo de novo”, explicou o artista.
Se 2018 será o ano da escultura, 2019 será a vez da banda desenhada. José Ruy, 87 anos, vai contar, aos quadradinhos, como foi a revolta das Caldas. O autor ainda está a decidir se irá reformular a história da cidade que fez nos anos 90, dando um maior enfoque ao 16 de Março, ou se vai dedicar um álbum ao golpe dos militares do RI5.
O artista, que em breve vai lançar um livro sobre a Ilha do Corvo, tem a certeza que com a escultura de Santa Bárbara e o seu livro, o movimento do 16 de Março ficará bem perpetuado na memória da cidade.
Na interpretação que faz da futura escultura, José Ruy vê “uma arma bélica de onde sai uma nova galáxia”.
Este autor é uma das referências mais importantes da banda desenhada portuguesa, com mais de meia centena de obras publicadas. José Ruy contará com o auxílio dos militares e da investigadora Joana Tornada para levar a bom termo esta banda desenhada sobre este acontecimento relevante para as Caldas e para o país.
Ao todo não chegaram a 30 as pessoas que assistiram a esta cerimónia, mas foram as suficientes para fazer desviar o fluxo regular do trânsito que circula nos dois sentidos em frente ao quartel.

Escultura pensada desde Eanes

Lalanda Ribeiro, presidente da Assembleia Municipal, contou que a ideia de fazer um monumento ao 16 de Março já tinha sido falado entre ele e o general Ramalho Eanes e que, por isso, não podia estar mais satisfeito com a sua concretização. Ainda para mais por ser criada por um artista ligado às Caldas da Rainha.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, lamenta que “o país não reconhece como devia o 16 de Março”. O autarca queixa-se que os representantes do Estado não têm marcado presença nas sessões comemorativas, remetendo o papel de recordar o golpe das Caldas apenas para os militares participantes e para a autarquia. “Estamos a prestar um serviço ao país ao chamar a atenção para esse grande momento que deu origem à revolução”, disse o presidente, que quer também a constituição de um Centro Interpretativo do 16 de Março para que os mais novos possam conhecer o que se passou em 1974.
Com a inauguração da obra para o ano, o edil caldense espera poder ter o Estado português bem representado, comentando que irá formalizar o convite “de forma incisiva”.
A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, referiu que, de facto, está previsto um centro interpretativo. “A ESE também quer criar um percurso, logo vamos harmonizar o projecto com os militares e com o PH”, disse.
José Santa Bárbara disse à Gazeta das Caldas que preferia que a sua obra fosse colocada dentro do quartel e assim beneficiar do know how dos militares que a poderiam explicar a quem os visitasse.