A família Luís Ferreira da Silva fez um depósito, na associação Património Histórico (PH), de um importante conjunto documental, proveniente do arquivo daquele artista plástico.
Da doação fazem parte desenhos, recortes de jornais, estudos e uma maquete de um dos seus projetos artísticos mais recentes. Entre os materiais do autor está um caderno contendo esboços de peças de cerâmica referentes ao período em que Ferreira da Silva residiu em Paris, com uma bolsa de criação da Gulbenkian, em 1967.
Segundo João Serra, um dos responsáveis do PH, este Centro de Documentação remonta a 2008 e resultou do desejo da Câmara de contratualizar com Ferreira da Silva a aquisição de trabalhos seus, com vista a uma futura organização de um espaço expositivo permanente dedicado à sua obra; a organização de uma sessão de depoimentos sobre Ferreira da Silva, assinalando a passagem do seu 80º aniversário e, por fim, a organização da exposição “Colecção Municipal Ferreira da Silva: Primeiras Aquisições”, a qual foi acompanhada por catálogo, onde se publicaram diversos estudos sobre a obra do artista. Em 2015, no âmbito da preparação da primeira edição da MOLDA, o Centro de Documentação Ferreira da Silva foi objeto de um protocolo celebrado entre a Câmara e o PH.
O referido Centro apoiou a investigação efetuada para a elaboração do livro Ferreira da Silva: Obra em Espaço Público, da autoria de Isabel Xavier e editada em 2017, e, mais tarde, em 2019, a investigação realizada por João Serra que conduziu à publicação de Artista à Procura da Sua História: Luís Ferreira da Silva (1928-2016).
As recolhas de informação e documentação associadas a estas três publicações “permitiram constituir um arquivo de considerável extensão, com mais de uma dezena de milhar de imagens generosamente cedidas por detentores privados e públicos, a que acrescem fotografias expressamente colhidas em diversas partes do país, do Minho ao Algarve (em habitações particulares, em espaços públicos, em instituições da mais diversa natureza)”, referiu o historiador.
Grande parte deste trabalho de fotografia é da responsabilidade de João Martins Pereira, mas outros fotógrafos cederam imagens ao Centro como Margarida Araújo, Joaquim António Silva, José Luís de Almeida e Silva, Nicolau Borges e João Serra.
Também o realizador caldense Miguel Costa ofereceu ao Centro o documentário “Em Teu Corpo Meu Corpo”, de 2012. O falecimento de Ferreira da Silva em 2016, “originou por parte dos herdeiros cuidado quanto à preservação do seu espólio documental, tendo verificado as condições oferecidas pela associação PH para o inventariar, classificar, estudar e dar a conhecer”, referiu o historiador.
Um primeiro depósito da família do artista foi disponibilizado em 2018, em nome da família, pelo filho mais velho, Rui Ferreira da Silva, constituído por centenas de fotografias. Em finais do ano de 2020, passou a estar em depósito também um importante acervo documental do artista. Segundo João Bonifácio Serra, a ambição deste Centro é a de abranger outros criadores e outras unidades de produção cerâmica caldense.
A finalidade é recolher, catalogar e divulgar informação escrita e audiovisual sobre a atividade cerâmica nas Caldas da Rainha desde meados do século XX até aos nossos dias. Nesse sentido já foram também incorporados materiais confiados pelos filhos de Alberto Pinto Ribeiro, fundador da SECLA, João Pinto Ribeiro e José Pinto Ribeiro. O alargamento do âmbito da documentação é fundamental para que se possa registar econhecer melhor os caminhos da produção, da inovação e da criação cerâmicas das últimas gerações caldenses”, rematou o responsável. O PH tinha iniciado um ciclo de conferências sobre a cidade das Caldas, vista por vários sectores profissionais e que deverá ter continuidade em 2021. ■