“A Festa dos Caçadores” é um livro de contos entre a província e a cidade

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Livro “A Festa dos Caçadores” no Museu José Malhoa
“A Festa dos Caçadores” o segundo livro de contos de Henrique Manuel Bento Fialho foi apresentado no Museu José Malhoa. - Beatriz Raposo
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O último livro de Henrique Manuel Bento Fialho (é assim que o autor assina depois de ter descoberto que o seu nome é um decassílabo perfeito) chama-se “A Festa dos Caçadores” e tem o selo da Abysmo. Este é o segundo livro de contos do riomaiorense que vive nas Caldas há quase 20 anos e que – além de escritor – é também o gerente da Bertrand do La Vie e cronista na Gazeta das Caldas. A sua estreia no género do conto foi com “Call Center”, em 2014.
“A Festa dos Caçadores” é um livro de pequenas dimensões (quase faz lembrar um livro de bolso) que reúne mais de 100 contos em cerca de 300 páginas. O primeiro esboço foi enviado a João Paulo Cotrim (editor da Abysmo) em Março de 2016, quase dois anos depois de Henrique Fialho ter recebido um e-mail de António Cabrita, outro escritor da Abysmo, a convidá-lo para escrever um livro para a editora lisboeta.

Inicialmente “A Festa dos Caçadores” era para ser o primeiro de uma trilogia de livros, mas com o tempo foram surgindo dúvidas sobre uma publicação por volumes. “Uma desvantagem de se trabalhar diariamente com livros é que às vezes começamos a pensar se vale a pena juntarmos mais um à tonelada que já existe. Afinal, são publicados 49 livros por dia em Portugal”, explicou Henrique Fialho, que acabou por desistir da ideia da trilogia, mas avançou com a publicação de um só livro, até pela insistência do editor da Abysmo.
Uma das preocupações do autor foi manter um fio condutor do primeiro ao último conto, embora a obra seja uma compilação de pequenas histórias. É neste sentido que os primeiros textos se enquadram num cenário rural e contam com personagens humorísticas, enquanto o segundo conjunto se refere à deslocação para o meio urbano e ao sentimento de isolamento nesse ambiente. Já os últimos contos do livro reflectem o regresso à província e a desilusão desta não ser mais o lugar que pertenceu à adolescência.
É pois neste caminho entre a ruralidade e a cidade que há espaço para a reflexão sobre nós próprios. Nas palavras de José Paulo Cotrim, este é um “livro poderoso e profundo, sobretudo para aqueles que vivem algures, que não têm lugar”. É também uma obra que pretende despertar várias emoções no leitor – do riso à comoção – e que deve ser lida no seu todo para que se entenda o propósito. “Não basta ler uma ou duas páginas para perceber ao que vem Henrique Bento Fialho”, disse o editor da Abysmo, realçando que o conto é visto erradamente como um género “que entretém entre os grandes romances”.
Henrique Fialho acrescentou que “A Festa dos Caçadores” é também o reflexo da sua geração: a que nasceu nos anos 70 e viveu pela primeira vez uma infância em liberdade cheia de expectativas. Mas também aquela que sente de perto que o mundo tal e qual como conheceu não faz sentido para os seus filhos. Isto por culpa da revolução tecnológica. “Há inclusive um conto que fala sobre o Facebook e aborda como as novas tecnologias estão a afectar as amizades e a relação entre os seres humanos”, explicou o autor.
Os 119 contos que completam este livro foram escritos em diferentes momentos, o mais antigo há 25 anos. 

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