Encontra-se patente no Museu Municipal de Óbidos uma exposição com 33 gravuras da colecção de Maria Helena Vieira da Silva, considerada a maior artista plástica do século XX. Esta mostra, patente até 26 de Outubro, está integrada na nas comemorações dos 20 anos da Semana Internacional do Piano de Óbidos (SIPO) da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva.
Mais de 30 gravuras, produzidas entre 1960 e 1991 através de várias técnicas e com uma grande diversidade temática e plástica, podem ser agora apreciadas em Óbidos. A mostra foi inaugurada no passado dia 1 de Agosto e as obras convivem agora paredes meias com as da artista obidense do século XVII, Josefa d’Óbidos.
O Museu Municipal esteve propositadamente fechado durante algum tempo para criar as condições necessárias para a instalação da exposição da mais internacional artista plástica portuguesa. “Aqui em Óbidos acolhemo-la muito bem” disse Ana Calçada, responsável pela rede de museus e galerias, numa referência feita por contraste com o tratamento que a artista teve no passado, ao perder a sua nacionalidade por ter-se casado com o pintor húngaro Arpad Szenes. A responsável destacou ainda o trabalho desta mulher que fez da “sua atitude artística a sua vida”.
Também a vereadora da cultura, Celeste Afonso, destacou a qualidade da exposição e a sua satisfação por esta poder ser visitada em Óbidos. “Era uma ambição que tínhamos e surgiu-nos assim no regaço, por isso muito obrigada à SIPO”, disse, destacando que para a acolher reservaram, desde logo, o local mais nobre da vila. “Vieira da Silva era uma mulher de cortes e rupturas, mas também de inícios de ciclos e de novidade, que vem marcar também um novo ciclo no museu de Óbidos”, acrescentou.
A autarca referiu ainda que este é um ano em que a vila assinala a força das mulheres, dando nota das mostras existentes e também ao facto desta edição do Mercado Medieval ser dedicada às rainhas.
E como a visita à mostra aumenta a vontade de conhecer mais a fundo o trabalho da artista, quem ali for tem depois a possibilidade de visitar, gratuitamente, o museu da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, situado na Praça das Amoreiras, em Lisboa.
A pianista e responsável pela SIPO, Manuela Gouveia, lembrou a estreita relação que a artista tinha com a pintura, mas também com a música. Aliás, a sua formação artística começou com o piano e só depois se dedicou ao desenho, pintura e escultura.
Maria Helena Vieira da Silva apreciava particularmente compositores como Bach, Mozart, Debussy, mas também os impressionistas que ligava à pintura. “E também Pierre Boulez [pianista e compositor] que teve muita influencia na sua pintura e vice-versa, pois também ele foi influenciado por Vieira da Silva para as suas composições”, concluiu Manuela Gouveia.