Designer criou a própria marca, a “Sêin fashion”, na Áustria, país onde vive há oito anos
Toalhas de banho antigas ganham uma segunda vida nas mãos de Inês Silva. A designer de moda, de 35 anos, criou a sua própria marca em Linz, cidade austríaca onde vive há oito anos.
Usando a técnica do patchwork, a caldense cria novas peças de roupa com os pedaços das diferentes toalhas, criando novas e originais peças como de t-shirts, pullovers ou até vestidos.
A jovem, que se formou em Som e Imagem na ESAD em 2008, não sabia naquela altura que, passada uma década, estaria a criar a sua própria marca de moda, a “SÊIN fashion”, que tem como mote principal o upcycling de toalhas de banho.
“Quando trabalhei em Lisboa partilhei casa com uma estudante Erasmus de Linz”, contou Inês Silva à Gazeta das Caldas, para explicar o trajeto até à Áustria. Terminado o programa Erasmus, a amiga regressou a casa numa viagem de carrinha. “Decidi acompanhá-la na viagem e não só me apaixonei por Linz, mas também por alguém de Linz, e por cá fiquei”, recorda a caldense.
Qualidade cede à quantidade
Desde muito cedo que se interessou por moda sustentável. “Sempre procurei saber que materiais são utilizados nas roupas que visto”, contou a autora, acrescentando que também procura saber a autoria das peças.
A designer lamenta ainda que na atualidade e “infelizmente, a maior parte das roupas são produzidas em massa e a qualidade deu lugar à quantidade”. Sabe ainda que “muitas das substâncias utilizadas na produção prejudicam o meio ambiente e são costuradas em péssimas condições de trabalho”. Na sua opinião, a maneira mais sustentável e ecológica de produzir roupas novas “é criar algo novo a partir de materiais existentes”, afirmou a caldense, que, após muita pesquisa e experiências, decidiu focar-se na reutilização de toalhas, pois” estas contêm pelo menos 90% de algodão e continuam quase sempre intactas”.
Tudo começou com uma toalha vintage que a designer de moda adorava e decidiu transformar num vestido. “Tornou-se na minha peça favorita”, contou a autora, recordando que além de ser uma peça única “era muito prática”. Finalmente, “podia ir à praia sem ter que levar a toalha na mochila, limpar os óculos de sol e até secar as mãos depois de as lavar numa casa de banho pública”.
Não gerar desperdícios
Depois do primeiro vestido, Inês Silva recebeu imensos pedidos de amigos e conhecidos para transformar a sua toalha favorita numa peça de roupa.
“Em março de 2018 lancei a minha marca que conta agora com vestidos, pullovers e t-shirts”, recordou a autora, para quem é muito importante não gerar desperdício. Por isso, criou duas coleções a “Patchwork” e a “Seindrian” que são feitas com as sobras de toalhas dos outros produtos que costura.
“Todos as peças de roupa são únicas e irreproduzíveis, e cada uma tem a sua história”, garante a criadora, que faz peças coloridas, divertidas e que apostam também no conforto. Cada peça é desenhada e feita à mão, usando toalhas em segunda mão e jersey de qualidade.
Garante a marca da autora caldense que cada peça da sua marca “é única” e com forte aposta na sustentabilidade.
Desde 2018 que Inês Silva se dedica em exclusivo à sua marca, porém também cria figurinos para artistas locais, “principalmente para bandas de música”. A designer também é presença habitual em palestras sobre upcycling e desperdício zero.
Marca é trocadilho com nome
O nome SÊIN, escolhido para a marca, “é um trocadilho” com as letras do nome Inês, mas também alude ao verbo “sein” em alemão, que significa ser/estar, explica a caldense, que considera que a marca “não é apenas referente à moda, mas também representa um estilo de vida sustentável”.
Além das peças feitas com recurso às velhas toalhas, no site de Inês Silva é possível conhecer diferentes projetos de peças de roupa feitas, por exemplo, com técnicas de croché.
Está, igualmente, presente um vestido que foi totalmente feito à mão pela autora caldense em 2016. Há ainda outras experiências de criações de Inês Silva que fizeram parte de projetos que envolveram outras artes, como vídeo mapping e que foram concretizados em parceria com outros artistas que vivem em solo austríaco.
Inês Silva gostava de dar a conhecer as suas criações nas Caldas da Rainha, cidade onde nasceu, cresceu e pela qual tem “muito carinho”.
A autora vem duas vezes por ano de férias às Caldas para visitar a família e amigos e “para matar saudades dos seus locais favoritos”. O primeiro passeio matinal de Inês Silva é sempre na Praça da Fruta com paragem no Café Central “para um café e um pastel de nata”.
A autora não perde também a oportunidade de visitar os Silos Contentor Criativo, no edifício da Ceres, além de dar passeios no parque D. Carlos I, Gosta de ir jantar à Casa Antero, ao Geo, à Capelinha do Monte e ao Maratona, “dar um pulinho ao Daiquiri” e também não dispensa uma ida à Foz do Arelho para ver o mar. E receber dali inspiração para as peças seguintes que pretende desenhar. ■