O Parque D. Carlos I foi palco do festival internacional de folclore – Interfolk – que animou o serão de 5 de Setembro com as apresentações de ranchos locais e internacionais, oriundos da Croácia e Colômbia que se encontravam em digressão em Portugal. Cerca de 500 pessoas reuniram-se para assistir ao evento, organizado pelos ranchos folclóricos As Ceifeiras da Fanadia e Azeitoneiros de Alvorninha e que pretende retomar os intercâmbios internacionais de folclore nas Caldas.
As 250 cadeiras, instaladas no Parque entre o Céu de Vidro e o coreto, não foram suficientes para todos os que quiseram assistir ao festival internacional Interfolk no serão de 5 de Setembro. Foram precisos mais meia centena de assentos e mesmo assim muita gente teve que presenciar o espectáulo de pé.
Ao todo foram cerca de 500 pessoas as que assistiram à actuação de 160 bailarinos que fazem parte dos ranchos locais e dos grupos estrangeiros, KUD “Ante Zaninovic” da Croácia e do Ballet Folclórico Nacional de Jaime Orozco de Bogotá (Colômbia). Os anfitriões trouxeram ao palco não só as danças e cantares populares bem como surpreenderam o público com recriações etnográficas de actividades rurais e do quotidiano religioso e profano.
Os Azeitoneiros de Alvorninha mostraram como se realizava a apanha da azeitona assim como se entoavam as canções de trabalho à capela. Segundo Paulo Bernardo, presidente dos Azeitoneiros de Alvorninha, é bom poder voltar a organizar uma iniciativa de folclore nas Caldas com a presença de grupos internacionais, após vários anos de interregno. “É óptimo poder trazer às Caldas um tipo de folclore que não é comum”, disse o organizador.
Para Paulo Bernardo é importante que o festival de folclore internacional possa regressar às Caldas e prontifica-se a dar continuidade ao evento se tiver o apoio da câmara e das juntas.
As Ceifeiras da Fanadia optaram por uma entrada onde realizaram o Círio a S. Sebastião, simulando durante a sua entrada em palco a realização de uma procissão onde não faltaram os andores com a representação do santo. Para Sérgio Pereira, do grupo que também coorganizou o festival, é também interessante para os ranchos locais “conviver com elementos de outras culturas”. Os dois ranchos caldenses têm várias internacionalizações mas acham que é importante que as Caldas também abra as portas a outras tradições do globo.
Em estreia nas Caldas
O folclore da Croácia e da Colômbia, estrearam-se nas Caldas da Rainha, tendo arrancado fortes aplausos do plateia caldense. O grupo KUD Ante Zaninovic, oriundo da cidade de Kastel Kambelovac (próxima de Split), surgiu há 19 anos com o intuito de preservar o folclore e as tradições da sua região. A companhia – que tem muitos elementos organizados por diversas faixas etárias, desde os infantis aos seniores – preserva o canto secular tradicional e eclesial do seu país, tendo os seus músicos tocado os instrumentos tradicionais como o bandolim, a tamburá e as guitarras.
Para esta vinda às Caldas só trouxeram o traje típico daquele país de Leste que é usado em cerimónias religiosos. Tal como no traje feminino português, as senhoras casadas tapam a cabeça com um lenço. Ao todo este grupo possui mais de 150 conjuntos de trajes de todas as regiões. Nesta digressão em Portugal trouxeram 21 dançarinos e 20 músicos.
Marisa e Tonci Tadin são directora e coreógrafo deste grupo. À Gazeta das Caldas, os responsáveis explicaram que há dois anos já tinham actuado no Porto e que é sempre um prazer realizar tournées em Portugal pois “lembra-nos a Rússia onde não falta muita cultura, igrejas e património cultural por todo o lado”. O casal considera que, tal como na Croácia, em Portugal “há também muita gente que valoriza as tradições e o folclore dos países”.
O casal Tadin contou que fizeram a viagem entre a Croácia e Portugal de autocarro e que esta durou três dias.
Após a actuação nas Caldas, o grupo ainda teve tempo para visitar Lisboa e Fátima. Segundo o casal, que gostaria de organizar um festival internacional de folclore em Kastel Kambelovac e “convidar os ranchos portugueses a participar”.
Cores e ritmos quentes no Parque
Quem conquistou mesmo o público foram os ritmos quentes do grupo do Ballet Folclórico Nacional de Jaime Orozco, que é o mais antigo da Colômbia.
O grupo, que está a comemorar os seus 65 anos de existência, tem sido galardoado em inúmeros eventos internacionais, pela beleza e técnica das suas representações. Esta é já a quinta digressão europeia, incluindo diversos festivais em Espanha e Portugal.
O director do grupo, José Ignácio Lopez veio a Portugal acompanhado por 12 músicos e 17 bailarinos. O grupo já esteve em Portugal e agora estreou-se nas Caldas da Rainha onde deram “a conhecer vários aspectos da nossa cultura”. O responsável do grupo contou que nas suas danças há influência da cultura negra africana, vinda dos escravos que chegaram à Colômbia através dos espanhóis.
Para o responsável do grupo “nós gostamos muito de actuar em Portugal pois há similitudes entre os dois países. Somos parecidos na maneira de ser e até na gastronomia!”, contou o director do grupo que já actuou em Barcelos, Viana do Castelo, Figueira da Foz, Faro e Santarém – e que está há dois meses a actuar por toda a Península Ibérica.
A vinda dos dois grupos estrangeiros foi possível devido ao facto dos ranchos caldenses terem feito uma parceria com o Festival de Folclore Internacional de Santarém e que é dedicado a Celestino Graça, o responsável escalabitano que já trazia às Caldas ranchos internacionais nos anos 70 do século passado.
Os ranchos de Alvorninha e da Fanadia contaram como o apoio nesta organização do município das Caldas, da União de Freguesias de Nª Sr.ª Pópulo, Coto e S. Gregório e da Junta de Freguesia de Alvorninha.