
Jornalista defende que a amante de D. Pedro I, coroada rainha depois de morta, não era uma aia de Constança
“Inês de Castro, espia, amante e Rainha de Portugal”, romance histórico de Isabel Stilwell lançado em outubro, vai já na 10ª edição e ultrapassou as 30 mil cópias vendidas. No passado sábado, o livro foi apresentado na cidade onde a mulher que foi coroada rainha depois de morta está sepultada, com a autora a assegurar que apresenta uma Inês como nunca foi descrita na literatura portuguesa.
“No processo de escrita não reli Camões, porque o que queria era tentar encontrar Inês de carne e osso”, salientou a escritora, perante um auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça repleto de leitores.
Na pesquisa, a jornalista procurou “documentos da época, as histórias paralelas, o contexto político do que se estava a passar” para escrever sobre “uma mulher inteligente, bonita, que tem noção que pertence a uma família muito forte e foi criada no sentido de servir os interesses da sua família” e conhecer segredos da corte portuguesa.
“Essa é a minha Inês”, reconheceu Isabel Stilwell, para quem “a essência humana é a mesma, seja há 100, 200 ou há dois anos”. A escritora defende, ainda, que Inês de Castro não terá sido, como afiançam muitos historiadores, uma aia de D. Constança, a primeira mulher de D. Pedro. “Não gostava nada daquela ideia de que ela tinha traído a confiança dela. Tinha a intuição de que ela não tinha vindo na comitiva de Constança e, depois, encontrei provas disso. Isso deixou-me muito mais tranquila”, assumiu a autora.
O historiador Jorge Pereira de Sampaio, que possui uma coleção privada de mais de 400 livros sobre Inês de Castro, foi um dos convidados da apresentação do livro e gostou do que leu. “Para fazer um romance histórico ou se vai às fontes ou se inventa muito e, por isso, está de parabéns pela pesquisa que fez e pelos novos dados que oferece”, afirmou o antigo diretor do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça,
O investigador e programador-geral do Ano Inesiano, que se assinalou em 2005, juntou-se à apresentação da obra, que ficou a cargo de outra Inês. Neste caso, Inês Silva, vereadora da Cultura da Câmara de Alcobaça, que destacou a “preferência” da autora pelo romance histórico e encontrou uma prosa “muito bem escrita e que agarra o leitor”, ao mesmo tempo que descreve uma “figura da nossa história e da literatura universal”.
Mas nesta história de amor eterno há, ainda, outro ator principal. “Em Alcobaça encontrei um Pedro bom e um Pedro mau. Um Pedro capaz de mandar fazer aquelas arcas, sensível, e ao mesmo tempo um Pedro cobarde, com medo do pai”, declarou Isabel Stilwell, que teve, ainda, a oportunidade de tocar no Relicário com cabelos de Inês de Castro, que terão sido colhidos aquando das invasões napoleónicas ao Mosteiro de Alcobaça.