Um livro que compila lendas, fotografias e postais antigos das Caldas da Rainha foi lançado no dia 29 de Setembro, numa sessão sobre o património arqueológico da região Centro organizada pela equipa que está a desenvolver a Carta Arqueológica das Caldas. O encontro teve lugar na EHTO e estava integrado nas Jornadas Europeias do Património.
A lenda de um túnel que ligaria a igreja do Carvalhal Benfeito a uma residência senhorial próxima, ou a dos potes de ouro enterrados na Serra de Todo o Mundo durante as invasões francesas, são algumas das que constituem a compilação editada em livro no âmbito do projecto da Carta Arqueológica das Caldas.
A obra foi apresentada por Carlos Esquetim, no dia 29 de Setembro, numa sessão sobre património arqueológico da região Centro de Portugal que decorreu na EHTO.
Do livro fazem parte, claro, as mais famosas lendas das Caldas, como a história da sua própria fundação, mas também da criação dos bordados ou dos falos.
Em termos metodológicos, a equipa procurou manter aquilo que lhes foi transmitido no contacto directo com as populações e realça que “este trabalho não se dá por completo pois muitas outras lendas e histórias aqui não retratadas integram a tradição oral deste concelho”.
Em termos fotográficos, podem ver-se imagens antigas com cerimónias religiosas em Salir de Matos, o trabalho agrícola em A-dos-Francos e em Alvorninha, bem como fotos do edificado urbano e rural do concelho. Há alunos do antigo Externato Ramalho Ortigão a remar na Lagoa de Óbidos, há a pesca, a apanha do limo e o transporte de bois entre as duas margens.
A Praça da Fruta, o antigo mercado do peixe e a Feira do Gado também estão, obviamente, representados em fotografias. Algumas das imagens foram, à respectiva data, publicadas na Gazeta das Caldas.
A equipa liderada pela arqueóloga Alexandra Figueiredo pretende criar um espaço digital que sirva como base de dados e que possa ser alimentado por qualquer pessoa que tenha fotografias antigas.
O projecto CARACA termina em 2020. Até agora a equipa já mais que duplicou os sítios arqueológicos no concelho que estão inscritos na DGPC. Entre os principais achados está um possível castro da Idade Média em Salir do Porto.
Ricardo Lopes, arqueólogo caldense que está a desenvolver a carta arqueológica, apresentou o seu projecto de um centro de interpretação para continuar a investigar e a divulgar o património das Caldas no fim deste trabalho.
Daniel Alves e Augusto Ferreira deram a conhecer o estudo antropológico das sondagens arqueológicas no âmbito das obras de reabilitação da igreja de N. S. Pópulo, concluindo que o local analisado foi utilizado para enterrar pessoas, possivelmente doentes do hospital que ali faleciam.
Entre outras apresentações, durante a manhã Nuno Ribeiro havia dado a conhecer a sua investigação sobre Hermínia Telles da Gama, professora e poetisa ligada às Caldas e cujos poemas chegaram a ser publicados na Gazeta das Caldas.
A historiadora Joana Beato Ribeiro contou a história do moleiro Francisco João Beato, do Reguengo da Parada.
No dia seguinte realizou-se uma mesa redonda dedicada ao património paleontológico da Bacia Lusitaniana, precedida de uma visita às pegadas de dinossáurios perto da Serra do Bouro.