Em ano e meio de trabalho, a retrosaria Sr. Jacinto na Rua Miguel Bombarda já realizou no seu espaço e no Restaurante Geo uma dezena de exposições. Cláudia Henriques e Samuel Jacinto são o casal responsável por aquele espaço, onde os artistas das mais diversas áreas têm dado a conhecer o seus trabalhos.
“Vamos continuar essa aposta”, disse à Gazeta Cláudia Henriques, que também tem a curadoria do Restaurante Geo, onde a arte se alia às propostas de união de gastronomia portuguesa e georgiana.
A pandemia determinou uma paragem no ciclo expositivo e as mostras de autores só recomeçaram em junho.
“Atualmente já são os autores que vêm ter connosco para expor“, contou a responsável por esta concept store que se orgulha do seu passado de retrosaria, chegando a expor parte do seu espólio, incluindo algumas peças centenárias.
Um espaço para degustar
A loja do Sr. Jacinto quer dinamizar a marca e vai criar alguns produtos próprios. “Também queremos investir no atelier do Samuel, em maquinaria e mais postos de trabalho”, disse Cláudia Henriques.
Samuel Jacinto é designer e trabalha com madeira que, muitas vezes, é reaproveitada. Das suas mãos nascem espelhos, mesas, cabeceiras, entre tantas outras peças. Tirou o curso de Design Industrial na ESAD e pegou no negócio de família em 2010, tendo como objectivo conciliá-lo com a profissão.
O terceiro “campo” onde o casal de empreendedores quer investir é na criação de um espaço de lounge, onde vai ser possível aos clientes “beber um café, um chá ou um copo de vinho que pode ser acompanhado por um queijo”, disse a resposável, explicando que serão dados a conhecer vinhos da região, assim como chás produzidos na horta do espaço. “Creio que será possível, a quem nos visita, poder contactar com os artistas que vão estar a trabalhar ao vivo”, disse a curadora, que quer ainda juntar alguma música e poder assistir a um ceramista a trabalhar na roda de oleiro. Desta forma será facilitado o contato entre público e autores das mais diversas áreas. Pelo Sr. Jacinto já passaram e continuarão a passar, segundo a promotora, autores das áreas dos têxteis, madeiras, flores preservadas, ilustração, cerâmica, joalharia, entre outras.
Haverá mesas no interior e no exterior, isto é, o pátio interior desta loja que em nome do seu passado ligado aos têxteis vai querer também desenvolver alguns produtos próprios como individuais, toalhas de mesa, aventais para homens e para mulheres.
É preciso continuar a arriscar
Este ano foi um ano “travão”, mas de qualquer modo “é preciso continuar a arriscar e o trabalho com os artistas é para continuar”, disse a empreendedora.
Claúdia Henriques considera que a cidade das Caldas tem algo fora do vulgar e que, além da ESAD, há “aqui algo de especial pois há artistas e também artesãos locais a fazer coisas maravilhosas”. Na sua opinião, são estes autores que produzem peças onde imprimem a sua identidade e como tal “conferem características próprias a cada um dos seus produtos”. E garante que a Loja do Sr. Jacinto vai continuar a realizar esse trabalho de divulgação.
O edifício que acolhe esta loja data de 1900 e pertenceu à família Sales Henriques. Foi depois retrosaria e hoje mantém essa tradição, a par com a arte e artesanato contemporâneo.
Nesta loja vendem-se produtos de várias marcas das áreas de decoração, ilustração, cosmética, utilitário, e mobiliário. Estão também presentes peças de autor em cerâmica de Mário Reis, de Sílvia Jacomé e da artista plástica Mariana Sampaio. Estão igualmente presentes peças do Laboratório das Histórias e do Atelier Sá Nogueira, ambos caldenses.
Podem também ser adquiridas malas da marca Maria Fula (feitas por Júlia Valentim), ilustrações e brinquedos tradicionais da Foz Fun, entre outros trabalhos de autores ligados à ESAD. ■