O Museu do Ciclismo, acolhe desde o dia 4 de Março uma exposição que pretende assinalar o centenário do fim da I Grande Guerra (1914-1918). A organização é da União dos Franceses no Estrangeiro que vivem na região e esta pode ser vista até ao próximo domingo, 11 de Março.
Na semana anterior, o italiano Paolo Silvi, presidente da Associação Cultural Apassiferrati, fez uma apresentação sobre o comboio do Vale do Liri, tendo dado a conhecer os projectos daquela associação de defesa da ferrovia italiana.
Aos 12 painéis com informação histórica acerca da participação portuguesa na I Grande Guerra Mundial, juntaram-se revistas, documentos, fotografias e objectos da colecção particular de Mário Lino, responsável pelo Museu do Ciclismo.
Os primeiros fazem parte da exposição da organizada pela União dos Franceses no Estrangeiro (UFE) que tem um carácter itinerante, tal como contou Jean Pierre Hougas à Gazeta das Caldas. Em seguida a exposição vai ser apresentada na ESAD, em Óbidos e em Leiria.
O responsável regional da UFE disse que os painéis foram feitos com base na investigação do historiador Manuel Nascimento e nestes é possível conhecer vários factos da participação portuguesa no conflito, desde a declaração da guerra até ao regresso das tropas lusas. Esta mostra foi ainda preparada para assinalar o centenário da assinatura do Armistício.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, disse que “a comunidade francesa nesta região está a crescer, é interessada na programação cultural e por isso queremos que se sintam em casa”.
Na exposição podem ser vistos vários objectos e documentação variada. Há quadro referente à rendição dos alemães, várias fotografias e recortes de jornais que documentam a vinda de detidos alemães para as Caldas da Rainha em 1918 e que ficaram instalados nos Pavilhões do Parque. Eram as tripulações de navios alemães que estavam fundeados no Tejo e nas colónias portuguesas. “Os alemães foram muito bem tratados pela população e pelas autoridades… Pareciam mais convidados do que propriamente prisioneiros”, disse Mário Lino, mostrando imagens de alguns dos 168 alemães, descontraídos, a ler o jornal e a jogar futebol no Parque.
Luís Albuquerque, o director do Museu Militar, também marcou presença na inauguração da exposição referente “ao sacrifício” feito pelos soldados portugueses na I Grande Guerra. Aquele responsável sublinhou que apesar das batalhas que ocorreram em território europeu terem tido maior visibilidade, não menos importantes foram os combates em África pelo número de mortes que no contingente português.
Comboios, cultura e turismo
“Os comboios e a cultura podem interligar-se e originar interessantes programas turístico-culturais”. Esta foi uma das mensagens que deixou Paolo Silvi, presidente da Associação Cultural Apassiferrati que esteve no Museu do Ciclismo a 24 de Fevereiro para apresentar a sessão “A Linha do Vale do Liri: um percurso entre o Papa, os Savoia e os Bourbon”.
A associação que aquele responsável dirige organiza viagens em comboio a vapor em percursos turísticos naquela zona italiana, sempre com enorme procura pois as viagens “estão sempre esgotadas”.
Durante a sessão foram apresentados vídeos da década de 60 sobre os comboios a vapor no vale do Liri. “Esta linha atravessa um território incrível, passando por locais onde nasceram várias personalidades como São Tomás de Aquino ou Marcello Mastroianni”, disse. Garante que há muito boa gastronomia e monumentos arqueológicos para conhecer.
Esta foi a primeira apresentação desta associação em Portugal e, segundo Paolo Silvi, serão feitos contactos com o Museu do Entroncamento para futuras iniciativas conjuntas. N.N.