Nádia Schilling é arquitecta paisagista e há muito que se dedica à música. A caldense, que é também autora do projecto dos passadiços da Foz do Arelho, dá-se agora a conhecer ao público em geral com o álbum de estreia Above the Trees. Motivos de sobra para uma entrevista à Gazeta das Caldas, dada por escrito, onde a criadora de sonoridades falou sobre o seu novo trabalho musical e chama a atenção para o facto da paisagem natural desta região ser “um dos seus maiores valores”.
GAZETA das CALDAS: Há quanto tempo se dedica à música?
NÁDIA SCHILLING: Sempre cantei e escrevi, mas só comecei a estudar música mais a sério há cerca de 10 anos.
GC: Além de cantar, que instrumentos toca?
NS: Para além de cantar, toco guitarra. Em alguns projectos musicais cheguei a tocar contrabaixo, glockenspiel e teclados.
GC: Como surgiu a sua ligação à música?
NS: A minha ligação à música surgiu através da minha família. Todos os meus avós eram músicos. A par da sua profissão como jornalistas, os meus avós maternos chegaram a tocar na Orquestra Sinfónica de Berlim, a minha avó paterna foi pianista e chegou a ganhar uma bolsa para ir estudar piano nos Estados Unidos nos anos 40 e o meu avô paterno era um aficcionado do jazz e tocava guitarra.
A minha mãe não tocava nenhum instrumento, mas toda a vida ouviu imensa música, por isso todo esse amor pela música fez parte do meu crescimento e a ligação existiu sempre.
GC: Como classifica o seu género musical?
NS: A música que faço não está completamente encerrada num género por ter influências do rock, do folk e do jazz, mas pertence mais ao rock alternativo.
GC: Quanto tempo demorou a gravação de Above the trees? Porquê esse título?
NS: A gravação do disco durou cerca de dois anos e foi lançado a 21 de Novembro. O título foi escolhido sobretudo por causa de uma conversa que tive com o meu avô paterno, há muitos anos, na qual ele me disse que as pessoas passam a maior parte da vida a olhar para tudo o que está à altura dos olhos ou para os pés e esquecem-se de olhar para cima, para o céu.
Ao mesmo tempo, este disco surgiu num momento de luto e a ideia, de que acima das árvores existe algo mais, é simbólica da vida que continua e que vale a pena pelas coisas mais simples e bonitas.
GC: Que músicos a acompanharam neste trabalho?
NS: Tive a sorte de ter muitos músicos incríveis a meu lado, entre eles o Filipe Melo (piano), João Hasselberg (baixo), Bruno Pedroso (bateria), o João Firmino (guitarra) e vários convidados como o Mário Delgado (guitarra) e a cantora brasileira Marina Gasolina.
Canções sobre saudade, nostalgia e esperança
GC: Quantos temas tem o seu trabalho de estreia? Compôs todos os temas?
NS: O disco tem 12 temas escritos por mim (música e letra). Falam de muitas coisas, mas penso que a ideia que une a maior parte dos temas é a de saudade, nostalgia e de esperança.