Pandemia obrigou a Casa da Cultura José Bento da Silva a cessar parte das iniciativas. Já foi possível retomar a Yoga, a pintura e as visitas culturais
Há um mundo de propostas e de atividades culturais que se podem fazer na Casa da Cultura José Bento da Silva, em S. Martinho do Porto.
A maioria das atividades são feitas em grupo, o que nos últimos tempos, não é permitido por causa da pandemia.
Mas quem foi José Bento da Silva? “Foi um emigrante de sucesso no Brasil no século XIX”, disse Cipriano Simão, o atual tesoureiro, ligado à direção da associação há mais de 20 anos.
Originário de S. Martinho do Porto, Bento da Silva, que foi nomeado comendador pelo rei, não teve filhos e “resolveu deixar parte da sua fortuna para que fosse criada uma escola, para ambos os sexos, na sua terra natal”, acrescentou o responsável. Tratou-se de uma decisão “inovadora” dado que em final de oitocentos só em Leiria é que existia um colégio misto. A escola – que foi construída em 1883 – serviu não só os seus conterrâneos como foi igualmente frequentada pelos filhos das famílias abastadas que vinham a banhos às Caldas e que vinham tomar banhos de mar a S. Martinho.
Apesar de não ser a praia mais próxima “era a que se podia alcançar de comboio”. Com uma escola de qualidade, as famílias nobres e burguesas colocaram neste escola os seus filhos que ficavam nas casas que decidiam construir em S. Martinho do Porto.
“Atualmente a nossa principal fonte de receitas tem sido a Feira das Velharias e agora não nos é possível realizá-la devido às regras das feiras e mercados que exige plano de contingência e controlo das pessoas no recinto”, disse Cipriano Simão contando que a casa da Cultura tem cerca de 200 associados que se cotizam e mais cem de feirantes que participam nesta iniciativa.
A feira é feita no passeio público, em plena Avenida Marginal (chegando ao Parque de Campismo) e ainda não foi possível retomar a sua realização. O evento possui 106 lugares e realiza-se aos quartos domingos de cada mês. ”Aos quintos domingos também fazemos uma Feira de Artesanato que tem entre 30 a 40 artesãos”, disse o responsável acrescentando que “o maior atrativo de S. Martinho poder passear na Avenida, em pandemia, torna-se no nosso grande inconveniente”.
A mais valia de S. Martinho, em pandemia, é um entrave pois não é possível fazer eventos na Marginal
A Casa da Cultura é atualmente liderada por Raquel Macedo e, aos poucos, têm sido retomadas as principais atividades como é o caso das aulas de Yoga, de Pilates, de dança infantil e os ateliers de pintura. Também já reabriu a biblioteca aos sábados. Antes da pandemia estava aberta pelo menos três dias por semana.
“A melhor parceria que temos é com serviço educativo do município de Alcobaça”, contou Cipriano Simão acrescentando que a Casa da Cultura tem duas pessoas a fazer visitas guiadas a monumentos e museus do concelho alcobacense e que se trajam a rigor para fazer estes percursos.
“Também coordenamos aulas de teatro, fazemos exposições e damos aulas de português para estrangeiros”, referiu o tesoureiro que lamenta que já não seja possível realizar a Feira do Livro que decorria entre final de julho a meados de setembro, no jardim da Praça Frederico Ulrich. O espaço foi requalificado e deixou de poder receber a tenda onde decorria esta e outras feiras como, por exemplo, a de cerâmica contemporânea “que há vontade que possa regressar”, rematou o responsável.