
Paulo Plantier, reputado cozinheiro, em 1879 publicou um livro de culinária com mais de 1500 receitas, intitulado “O Cozinheiro dos Cozinheiros”. O último capítulo desse livro intitulava-se receitas gastronómicas “Inventadas e Executadas por Distintos Artistas e Escritores Portugueses”; o livro esgotou e em 1905 surgiu uma nova edição e a esse último capítulo foram acrescentados vários nomes de distintos artistas, entre eles o de Rafael Bordalo Pinheiro.
Em 1994, a Editora Compendium editou um livro de formato oblongo, intitulado “Receitas para Gastrónomos Requintados – Inventadas e Executadas por Distintos Artistas e Escritores Portugueses”, de Paulo Plantier que é tal antigo capítulo, mas agora publicado em separado.
Nesta lista de cozinheiros ilustres surgem, entre outros, nomes famosos como: Gomes de Amorim, Batalha Reis, Alexandre Dumas (pai), Júlio César Machado, Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão, Bulhão Pato, Brito Aranha, Henrique Lopes de Mendonça, e muitos mais.
E lá encontramos também Rafael Bordalo Pinheiro feito Chef que se oferece para nos confecionar, com todo o requinte, umas deliciosas “Eirós do mar à Patriota”. Preparem-se os blocos e os lápis para tomarem nota, e ponha-se um tacho ao lume:
“Põe-se dentro de um tacho, não muito grande, uma chávena com o fundo para cima, enrola-se uma eirós, em volta da chávena; em seguida deita-se-lhe uma colher de vinagre, quatro ou cinco de vinho branco, duas ou três colheres de manteiga, das de sopa (assim como as anteriores), meia folha de louro, um dente de alho e bastante pimenta. Tapa-se muito bem o tacho, pondo-se-lhe em cima da tampa (ou prato que a substitua) um ferro, qualquer peso, para evitar que saia o vapor. Deixa-se ferver meia hora em lume brando, sacudindo de vez em quando o tacho, sem o destapar. Serve-se logo em prato coberto.”
É de comer e chorar por mais! Bom apetite!
Isabel Castanheira