A primeira edição do concurso de BD Jorge Machado Dias teve como tema a Paz e foi ganha por autoras das Caldas e da Amadora
Ana Beatriz Troia, de 15 anos, da Amadora e a caldense Carolina Ferreira, de 18 anos, foram as vencedoras da primeira edição do concurso de Banda Desenhada Jorge Machado-Dias, promovido pela Biblioteca Municipal das Caldas. “O que fica intacto” e “Precisamos de Pás” foram as obras distinguidas em dois escalões.
Os prémios foram entregues a 24 de junho, altura em que foi inaugurada a exposição com todos os trabalhos apresentados ao concurso. Este tem o nome de Jorge Machado-Dias pois quando este faleceu, a sua família fez uma grande doação de banda desenhada à biblioteca caldense.
Esta edição de estreia teve como tema “A Paz” e não poderia ter sido escolhido um tema mais apropriado devido à guerra na Europa e à falta de paz de espírito que grassa por todo o lado. Este e outros significados deste valor essencial foram colocados nas bandas desenhadas que concorreram ao prémio.
Concorrentes de outras terras
Segundo a bibliotecária Aida Reis houve um total de 31 concorrentes e foram selecionados 25 trabalhos de autores com idades entre os 12-15 anos (1º escalão) e entre os 16 e os 19 anos (2º escalão).
Além de autores da região – Caldas, Alcobaça, Peniche e de Rio Maior – também concorreram outros de diferentes paragens como da Amadora e da Póvoa de Sta. Iria.
O júri foi constituído por Bruno Prates (professor e cartoonista da Gazeta das Caldas), Nuno Fragata (professor na Escola Superior Artes e Design – ESAD.CR) e por Carla Gonçalves (bibliotecária). No primeiro 1º escalão (12 aos 15 anos) a vencedora foi Ana Troia com o trabalho “O que fica intacto”. Em 2º lugar ficou Nicholas Mendonça com o trabalho “MAAT: em o que farias se pudesses travar o maior ditador do mundo?” e, em terceiro, Ana Santos com a proposta “Às Patadas”.
Por seu lado, Sofia Bernardes obteve uma Menção Honrosa pelo seu trabalho “Paz”.
Já em relação ao 2.º escalão (dos 16 aos 19 anos), a vencedora foi Carolina Ferreira com o trabalho “Precisamos de Pás”.
Em 2.º lugar ficaram Madalena Pacheco, Maria Costa e Joana Correia de Sousa com “O sangue das nossas escolhas”. O terceiro lugar, por opção do júri, não foi atribuído.
Nuno Fragata, docente na ESAD.CR, um dos elementos do júri, referiu que entre os trabalhos há alguns “de muita qualidade, sobretudo tendo em conta a idade dos concorrentes”.
Sobre a fanzine “Pedra Pomes” que foi criada para reunir todos os trabalhos desta primeira edição “de amador não tem muito, o que é muito bom sinal”.
O docente espera que este prémio, agora instituído, “seja um incentivo para continuar a atrair jovens à BD e, quem sabe, se não haverá alguns autores que queiram prosseguir na nona arte”.
A vereadora da Cultura, Conceição Henriques, recordou que o surgimento desta iniciativa teve por base, o ato de generosidade de Jorge Machado-Dias e família que decidiram fazer a doação da sua coleção à Biblioteca caldense.
Jorge Machado-Dias, também autor e especialista em BD, chegou a ter uma rubrica na Gazeta das Caldas.
Quando decorreu a doação, em finais de 2021 “anunciámos a constituição deste prémio e estamos a aprender, fazendo…Na verdade foi um salto no escuro que era necessário para homenagear o doador”, disse a autarca.
Na sua opinião, a Paz no mundo “está em perigo” e os jovens que participaram mostraram que são muito capazes de analisar este valor nas suas mais diversas vertentes”. A autarca anunciou ainda que espera ter mais concorrentes na próxima edição deste prémio, que se realizará em 2024.
Ana Troia foi a vencedora do escalão mais jovem e quis “falar dos momentos pequenos de paz que todos necessitamos”. A autora 15 anos é da Amadora, terminou o 9º ano e está a pensar ir para a Escola António Arroio pois quer seguir a vertente artística. Para ilustrar o trabalho “O que fica intacto” usou canetas de aguarela de feltro, lápis de cor e de cera. “Fiquei muito feliz pois dá-me força para seguir o meu percurso, ligado às artes”, rematou a jovem que fez questão de incluir o tema da Diversidade no seu trabalho de BD.
A caldense Carolina Ferreira tem 18 anos e, após ter frequentado a Universidade Évora, vai iniciar a licenciatura de Artes Plásticas na ESAD.CR, na sua terra natal .
“Precisamos de Pás” analisa um contexto de guerra e a autora joga com a fonética das palavras. “No meu trabalho estão sempre presentes o sarcasmo e a ironia”, referiu a autora que usou meios manuais e digitais para ilustrar a sua proposta artística que acabou por se sagrar vencedora no escalão entre os 16 e os 19 anos. ■