Quando a vedeta é a própria cidade das Caldas da Rainha todos querem ver o filme

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Um dos momentos da rodagem de “Uma SMS para Antígona” junto à Igreja de Nª Sra. do Pópulo
A última curta metragem de Miguel Costa registou tanta afluência na sexta-feira passada no CCC, que teve de ser feita uma segunda apresentação, tendo ambas enchido o pequeno auditório. “Uma SMS para Antígona” passa-se nalguns dos locais mais emblemáticos das Caldas da Rainha e conta uma bonita (mas também dramática) história de uma jovem que fica grávida num momento inesperado da sua vida.

Primeiro uma vista área da cidade, depois a Praça da Fruta, a seguir o Palácio Real e antiga lavandaria do Hospital Termal. Segue-se uma cena num supermercado caldense para logo aparecer outra na lagoa de Óbidos. Depois o Parque e os pavilhões. Quem queria ver como é que Caldas da Rainha é filmada numa curta ficção não ficou desiludido. A cidade proporciona bons cenários, que Miguel Costa soube captar com maestria.
Talvez por isso tanta gente tenha aparecido à apresentação de “Uma SMS para Antígona”. Ao ponto de se fazer uma segunda sessão para acomodar toda a gente. Quem não teve lugar, só precisou de esperar pouco mais de meia hora porque o filme só dura 20 minutos. Desta forma, cerca de 400 pessoas tiveram oportunidade de ver o último trabalho de Miguel Costa.
A história, baseada num guião de Fernando Mora Ramos, está bem contada. A caldense Marta Taveira interpreta o papel de Maria, uma jovem que faz teatro e trabalha num supermercado para ganhar dinheiro e ir estudar para o estrangeiro. Há também um namorado que – aparentemente – a adora. E há também exigentes regras de assiduidade na caixa do supermercado, sobretudo para quem é trabalhadora precária.
“Há uma analogia entre Maria e Antígona [personagem da mitologia grega]. Ambas lutam contra os poderes instituídos”, conta Miguel Costa, que ficou agradavelmente surpreendido com o guião de Fernando Mora Ramos.
Outra característica relevante deste trabalho é o “casamento” entre o teatro e o cinema. Fernando Mora Ramos é um homem do teatro, cuja linguagem está bem patente nesta ficção da sétima arte. Aliás, algumas das cenas decorrem precisamente quando Maria está a ensaiar sob a orientação do próprio guionista do filme que aqui faz o papel que já desempenha na vida real – encenador.
As filmagens decorreram em Agosto e Setembro de 2018 e o realizador diz que o orçamento “foi bastante inferior a 10 mil euros”.
Como termina a história de Maria depois de se saber que ela está grávida? O melhor mesmo é ver o filme. Miguel Costa explica que este não deverá passar por festivais porque a RTP2 comprou os direitos para o passar brevemente. Será essa a prova de fogo do realizar em relação a esta obra. Como reagirá o público não caldense a este filme tão caldense?
“Uma SMS para Antígona” conta com os actores Marta Taveira, Fernando Mora Ramos, Fábio Costa, Isabel Lopes, Nuno Machado, Mariana Guarda, Cibele Maçãs e Joana Lamarque. Participam no elenco António Filipe, Filipe Ferreira, Manuel Gil, Virgílio Pimenta e Vítor Duarte.
Depois deste trabalho, o realizador já assinou um documentário sobre os 140 anos da Voz do Operário, uma associação que emergiu do proletariado lisboeta nos finais do século XIX através de um jornal homónimo e que evoluiu depois para uma instituição dedicada à instrução e formação e que persiste até hoje. O filme foi exibido na passada quarta-feira, 2 de Outubro, na RTP2.