Se hoje se disputam regatas no lago do Parque com os barcos a remos que habitualmente lá estão disponíveis para quem quiser testar os seus dotes de marinharia, nem sempre foi assim.
Mas como falso repórter dos tempos idos, tenho nas minhas mãos uma “caixa”, que quero partilhar com os meus leitores, pois esta notícia além de surpreendente, é também um sinal de como a reciclagem já era uma preocupação dos caldenses, há muitos anos atrás.
Mas deixamo-nos de divagações e vamos ao que interessa. No ano de 1892, deu-se por terminado o lago do Parque, depois de árduas obras realizadas sob a visão e o comando de D. Rodrigo Berquó, arquiteto e administrador do hospital.
Por erro de cálculo, só semelhante a alguns que hoje são usuais nas empreitadas das obras públicas, terminadas que são as obras, só falta… o quê? A água, para que o lago passasse a ser … um lago. Mas Berquó, como bom português que era, engenhoso e senhor de múltiplos processos de desenrascanço, resolveu o problema. Mandou encher o lago usando para isso a água contida em dez mil pipas, ficando este cheio. Meia tarefa feita! O que faltava ainda? Os barcos! Mais uma vez o engenho de D. Berquó se evidenciou. Senhor de uns pés de tamanho considerável descalçou-os e lançando-os à água e fez com que estes navegassem à semelhança das belas e esguias gondolas da bela Veneza. E assim foi possível fazer corridas no lago do parque para contento e diversão, tanto de quem as navegava como para o público que assistia. Um desses espectadores seria sem dúvida Bordalo Pinheiro. Bons tempos de imaginação e graça.