Sérgio Roxo fez animação sobre a diferença

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Animação conta a história de Gisberta, a brasileira trans assassinada em 2006
Realizador que vive nas Caldas tem filme de animação sobre Gisberta. Acha que há um longo caminho a fazer na aceitação da diferença
Sérgio Roxo trabalha em Torres
Sérgio Galvão Roxo, residente nas Caldas e antigo aluno da ESAD.CR, tem-se dedicado à criação e investigação sobre a utilização da Realidade Virtual como ferramenta de educação e intervenção social.
Recentemente, o meu projeto imersivo “Seu Nome Era Gisberta | Her Name Was Gisberta” (2023), foi selecionado para integrar a programação do festival SXSW 2024, um festival de renome nos EUA e é o único filme português que foi selecionado.
Este projeto de animação em Realidade Virtual foi realizado no âmbito do mestrado em Comunicação e Media, também do Politécnico de Leiria e tem como objetivo abordar, com recurso a esta tecnologia, “um dos casos mais mediáticos de transfobia ocorridos em Portugal, o assassinato de Gisberta Salce, em 2006, no Porto, por um grupo de 14 adolescentes”, disse Sérgio Roxo à Gazeta das Caldas.
Com este seu trabalho de animação, o autor LGBT pretende “fomentar a educação e proteção de pessoas trans, principalmente em Portugal e no Brasil”, explicando ainda que o filme é narrado em Português do Brasil.
 “Seu nome era Gisberta” teve a colaboração do ilustrador caldense Pedro Velho (também formado na ESAD.CR) e da atriz de voz trans brasileira, Alexia Vitória.
Agindo como uma ferramenta para a educação, intervenção social e ativismo contra a transfobia, o filme procura humanizar Gisberta Salce, contando parte da sua história, tendo sido realizado com base em entrevistas, um extenso levantamento teórico e análise jornalística ao longo de dois anos.
“Quis com este filme contribuir para a proteção contra a transfobia”, referiu o realizador que levou avante este projeto, exigente em termos de tecnologia.
O seu filme de animação, de 30 minutos, permite a quem assiste “testemunhar o que aconteceu a Gisberta, sem contudo explorar a violência explícita”, disse Sérgio Roxo que não evita o desconforto   e a necessidade de se debater o tema trans “que ainda é tabu na sociedade portuguesa”. O realizador deixou ainda o alerta de que é necessário olhar para estas temáticas pois “há falta de informação e incompreensão perante o desconhecido”.
Há também “falta de educação e de informação para com a diferença sexual”, referiu o autor que gostaria de levar o seu filme às escolas, seguido de debate sobre a diferença  e o preconceito perante as questões LGBT, algo que já aconteceu na ESTM, em Peniche,  onde foi possível a Sérgio Roxo conversar com estudantes sobre estas temáticas.
“Seu Nome Era Gisberta” foi também selecionado para a programação de 2024 do Festival de Animação KABOOM, nos Países Baixos (5 a 14 de abril) e apresentado previamente no Festival Internacional de Documentário de Ji.hlava, na Chéquia e no Festival Internacional de Documentário e Animação Dok Leipzig, na Alemanha.
O realizador e a sua equipa encontram-se neste momento à procura de fundos para financiar a sua viagem até ao festival nos EUA pois considera que seria útil dar a conhecer a produção nacional no festival SXSW 2024, iniciativa de renome nos EUA, e que atraiu mais de 345 mil pessoas na sua edição de 2023.■