Os Típicos Caldenses estão a celebrar o seu 50º aniversário. O grupo de música popular portuguesa é um dos mais antigos do país no activo e continua a fazer entre 20 a 30 concertos por ano, animando festas em vários locais do concelho caldense.
Nos anos 80 este grupo chegou a fazer a primeira parte de artistas como Carlos Paião, Toy, Mila Ferreira, Rebeca, Nelo Monteiro, José Malhoa, Jorge Fernando, Nuno da Câmara Pereira e Bonga.
Os seus elementos, não são, obviamente, jovens – têm idades entre os 55 e os 89 anos, mas garantem que vão continuar a dedicar-se à música popular portuguesa.
Todas as terças-feiras, de 15 em 15 dias, há ensaio dos Típicos na garagem de António Rodrigues, um dos elementos do grupo. Acompanham-no João Arroja (guitarra, bandola, bandolim e voz), José Lopes (harmónica e percussões), Lurdes Santana (vocalista), Carlos Duarte (acordeão), Jorge Sales (bombo), Sérgio Pereira (vocalista e gaita de foles) e José Carlos (viola baixo).
São estes os actuais músicos dos Típicos cuja origem está nos anos 60, com o grupo “Quatro Jotas”, onde todos tocavam harmónica bocal. João Arroja, José Chaves, Joaquim Cristiano e José Fernandes (o Pifarito) eram os elementos deste grupo, assim chamado porque todos tinham “J” no seu primeiro nome. No início estes actuaram nos espectáculos de variedades que se realizaram nos Pimpões.
A 4 de Outubro de 1968, com a entrada de José Lopes, surge a ideia, aceite por todos os elementos, de converter o grupo de harmónicas, num grupo de música popular portuguesa. E assim se fez, após terem sido feitos convites a outros associados dos Pimpões que já tocavam instrumentos de corda. Entraram então José lnácio, Cândido de Barros, Antero, Quintino Bento, João da Cunha, Ludgero Vieira e Esperidião Sabino.
Sob a coordenação de João Arroja, o grupo passou a ter 12 elementos. Os espectáculos foram-se sucedendo em associações, arraiais, festas no quartel do RI5 e outro tipo de eventos nas Caldas e nos concelhos vizinhos. O grupo tomava agora a designação Conjunto Típico dos Pimpões.
O director do grupo, João Arroja, foi para Moçambique em 1970 cumprir serviço militar e deixa António Martins à frente do colectivo. Nessa época entram José Martins, Lurdes Santana, José Carlos, Fernanda Maria, Fernando Jorge e Carlos Chaves. Em 1972, João Arroja regressa e volta a assumir a direcção do grupo.
Em Junho de 1977, o conjunto resolve desvincular-se dos Pimpões. “O presidente da direcção dos Pimpões de então considerava que o ensaio regular do grupo estava a prejudicar o jogo de cartas que estava a decorrer na cave do palco”, contou Jorge Sales.
Primeira cassete esgotou
A 17 de Setembro de 1977 o colectivo iniciou-se como projecto autónomo e o nome altera-se para Conjunto Típico Caldense. Nessa época tinha 14 elementos: Mitó Santana, Lurdes Santana, Manuel Santana, Paula Margarida, Mito Santana, Carlos Silva, César Tempero, José Carlos, António Martins, Luís Alberto, João Arroja, Carlos Duarte, Manuel Chaves e José Lopes.
Foi em 1982 que os Típicos gravaram a primeira cassete, à época um feito pois os 70 mil exemplares esgotaram-se num ápice, tendo os exemplares sido vendidos em Portugal e no estrangeiro.
“A nossa editora queria que nos profissionalizássemos, que pudéssemos actuar mais vezes…”, disse Carlos Duarte, outros dos elementos dos Típicos, explicando que não tinham disponibilidade pois todos tinham os seus empregos.
“Tínhamos convites do género amanhã têm que actuar no Casino Estoril… Era impossível…”, conta o acordeonista. Além do mais, em várias actuações, o grupo era convidado a fazer playback, algo que nunca gostaram.
Os seus elementos fazem questão de referir que se movem pelo prazer de fazer música ao vivo e de receber o retorno do público. A editora lisboeta ainda tentou gravar apenas com a vocalista Lurdes Santana, convite que esta recusou pois teria que deixar os Típicos.
É nesta época que actuam por todo o lado e são convidados a fazer a primeira parte de artistas como Carlos Paião, Cândida Branca Flor, Toy, Mila Ferreira, Rebeca, Nelo Monteiro, José Malhoa, Jorge Fernando, Nuno da Câmara Pereira e Bonga.
Maio de 1987 ficou marcado pela saída de alguns elementos. Volta a mudar-se o nome para Grupo Típico Os Caldenses, com a formação de sete elementos (João Arroja, José Lopes, Carlos Duarte, Mário Augusto, Luís Pereira, José Inácio (já falecido) e Jorge Sales.
Em Março de 1990 há uma nova alteração no grupo musical. Mantiveram-se João Arroja, José Lopes, Carlos Duarte, Mário Augusto e Jorge Sales e entraram Maria Manuela, Antero Santos e José Gaio. Passados quatro anos volta a ser usado o nome Conjunto Típico Caldenses, constituído por nove elementos: dois dos fundadores do grupo, João Arroja e José Lopes, Carlos Duarte (acordeão), Lurdes Santana (vocalista), Jorge Sales (bombo), António Américo (guitarra acústica) e Mário Augusto (viola baixo). Passados quatro anos o nome do grupo volta a ser Conjunto Típico Caldenses. Em 2005 há nova alteração na constituição do Conjunto Típico Caldense que passa a ser oito elementos: dois dos fundadores, João Arroja e José Lopes, ainda por Carlos Duarte, Lurdes Santana, Jorge Sales, Sérgio Pereira, José Carlos e António Rodrigues.
500 concertos em Portugal e Espanha
Em 50 anos de existência, este grupo caldense já fez mais de 500 concertos, por todo o país e em Espanha. Os Típicos actuaram em vários programas de rádio e de televisão e gravaram três cassetes de música popular portuguesa através da empresa gravadora Discossete, em Lisboa.
Além de se dedicarem à música popular portuguesa, possuem no seu repertório muitas canções originais, escritas por José Lopes e João Arroja. “Vamos actualizando o repertório e ajustamos a nossa actuação consoante o que público nos pede”, disse Jorge Sales. Entre as canções mais antigas, contam-se “Caldas da Rainha” ou “Manuel Cebola”, enquanto hoje já interpretam também versões de Ana Moura ou de António Zambujo.
Os elementos dos Típicos têm idades entre os 55 e os 89 anos, mas garantem que vão continuar a dedicar-se à música. Alguns dos membros deste grupo ainda trabalham e nem sempre é fácil conciliar o tempo livre dos oito.
“Continuamos a ser bem recebidos e creio que conseguimos abranger várias gerações, proporcionando-lhes serões diferentes, dedicados à música portuguesa”, afirmou Jorge Sales, explicando que actuam muitas vezes de forma gratuita, a pedidos de amigos ou dos lares da região. Os seus concertos costumam durar hora e meia e o próximo decorrerá na cidade, na época natalícia.