No dia 15 de Maio (1954 ?), dia sempre festivo nas Caldas, O Dr. A. Luiz Gomes [1898-1981], ofereceu à cidade uma conferencia no Museu Malhoa, tendo como tema três das Rainhas da nossa História; Rainhas Santa Isabel, Dona Leonor e Dona Amélia. O tema desta conferência foi posteriormente publicado em livro numa edição da Livraria Portugália.
Se para todos nós as três Rainhas são importantes, tal não invalida que a nossa atenção recaia na D.ª Leonor, por razões que não precisam de explicação. Assim sendo, folheamos este livrinho até à página 49 e passamos a ler:
“Dona Leonor […] vivia num meio culto que dispunha de uma biblioteca valiosa. Ela, a neta de D. Duarte, o Monarca que preferia ao duro ofício de reinar o refúgio das letras! Ou não fosse ele o autor do Leal Conselheiro, breviário e compêndio de filosofia, de psicologia e moral!
Austera, cavalheiresca e patriota, podia-se-lhe confiar, como sucedeu por três vezes, as rédeas do Governo. E todas as suas Regências se distinguiram e se assinalaram por acontecimentos notáveis e afirmativos do Poder Real em que estava investida e que usava, pois o transitório não a limitava. – Querer é poder quando se quer o que se pode. – Pode ser Divisa Real ou Estadual de todos os tempos, como é – nenhum fidalgo nos desmente – preceito de pedagogia cívica!
A fundação da Misericórdia foi a ato mais memorável das suas Três Regências, sublime Instituição cujo programa se resume – e que ambicioso programa! – a realizar as 14 Obras de Misericórdia!
O nome da Rainha ficou perpetuada e o capital da Humanidade acrescentado sem medida! Na realidade, Ela tinha criado qualquer coisa de divino, no seu amor ao próximo! Mas mostrou, também, que se pode governar com acerto desempenhando amplamente esta alta função humana!
A Obra da Rainha – de caridade organizada – inicia-se enquadrada nos lances da tragédia da nossa vida política e no deslumbramento dos descobrimentos – a janela aberta de par em par «nesta Pátria que ao Mundo novos Mundos ia acrescentar»!”
E hoje, por aqui ficamos…