João Califórnia Laranjeira, atleta originário de São Martinho do Porto que conseguiu o terceiro lugar do ranking da classe Rs:One de windsurf em 2015, tem agora como objectivo ir aos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 e conquistar uma medalha.
Em 2020 João Laranjeira vai ter 44 anos, mas isso não é obstáculo, é motivação. Praticante desde os 16 anos, deixou de competir durante 20 anos. “Há dois anos sentia falta da competição e encontrei esta classe, a Rs:One, em que o material é igual para todos e em que a vela é mais pequena do que na Rs:X (a classe olímpica), tendo 7,8 m2”. Só a prancha, de três metros, pesa 14 quilos.
Em prova tem de ter em conta as correntes marítimas, o vento, a ondulação e a localização dos outros velejadores. “É como um xadrez dentro de água”, afirmou.
Depois de atingir o terceiro lugar na categoria Masters (acima de 40 anos) no campeonato do mundo que se realizou em Taiwan, sentiu que faltava preparação. Mudou os hábitos e a alimentação, começou a fazer ginásio.
FAZER MELHOR QUE NO ÚLTIMO ANO
As regatas duram entre 20 e 25 minutos e, nos campeonatos, os velejadores realizam entre três e cinco por dia. “O antebraço é das partes que mais sofre”, confidenciou.
Este ano pretende ficar nos primeiros 15 do Campeonato da Europa (França) em absolutos e nos primeiros 25 do Campeonato do Mundo (Vietname). Além disso, na categoria Masters pretende “fazer melhor que no último ano”.
Em 2018 quer entrar na classe Rs:X, fazendo três anos até aos Jogos Olímpicos de 2020.
“Este é um desporto elitista, porque o material é muito caro”, revelou o atleta, contando que no último campeonato do mundo em que participou, foi o próprio e os patrocinadores quem financiou todas as despesas. O Estado português e a federação não apoiaram com nada, aliás João Laranjeira formulou um pedido de apoio à federação, mas “nem responderam”.
O equipamento todo custa cerca de 6500 euros, mas os portugueses que competem internacionalmente, na sua maioria, alugam material da Federação, pagando entre os 200 e os 250 euros.
O atleta mostrou-se, ainda assim, esperançado que, “com a recente mudança na federação de vela surjam mais oportunidades”.
Salientando a importância dos parceiros privados, esclareceu que necessita de um orçamento anual a rondar os seis mil euros.
Normalmente treina em São Martinho do Porto ou na Lagoa de Óbidos. “A Lagoa tem um vento mais constante, mais certo, já a Baía bate de forma incerta, o que se torna mais desafiante”, comparou.
João Califórnia Laranjeira estudou nas Caldas. Do 9º ao 11º na Bordalo Pinheiro e no 12º ano na Raul Proença. Mantém uma ligação forte com a região, especialmente com São Martinho do Porto, onde tem família.