A brilhante prestação que o Caldas tem tido na Taça de Portugal e que tem mobilizado toda a cidade ainda só trouxe ao clube 100 novos sócios, número demasiado baixo para que o clube possa capitalizar no futuro o momento que vive actualmente. O número foi dado a conhecer numa assembleia-geral em que os sócios aprovaram as contas da época passada, com um resultado negativo de três mil euros motivado por uma quebra acentuada das receitas de publicidade.
O ‘grito de alerta’ veio do vice-presidente Nuno Ferreira, já na parte final da reunião realizada no passado dia 9 de Março no auditório da UF Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório.
O dirigente lamentou a falta de interesse dos sócios por um acto tão importante para o clube como a discussão e aprovação das contas ter reunido apenas cerca de 25 associados, órgãos sociais incluídos. “É triste porque o clube está num patamar elevado, mas isso pode ser diferente, não vamos andar sempre lá em cima, devíamos pensar futuro, ter mais sócios, ser mais participantes para o que conquistámos se possa repetir”, disse Nuno Ferreira.
O dirigente, que é responsável pelo futebol sénior, adiantou que será importante para o clube apostar num departamento de marketing profissional “capaz de capitalizar estes momentos, porque 110 sócios novos para um clube que leva 1500 pessoas a um jogo na Vila das Aves é muito pouco”.
Nuno Ferreira afirmou ainda que a próxima época “vai ser época dolorosa de preparar, e quando os recursos desta epopeia da Taça acabarem voltamos à estaca zero, com mais 110 sócios do que tínhamos, o que é muito pouco. É preciso pensar sobre isto”, concluiu.
Esta acabou por ser uma das principais mensagens transmitidas durante esta reunião em que os associados aprovaram por unanimidade o Relatório e Contas referente ao exercício da época 2016/17.
O documento refere um resultado líquido negativo de 3,7 mil euros, mas com uma redução de passivo na ordem dos 6 mil euros, para um total de 120 mil euros.
O resultado reflecte uma acentuada quebra de receitas numa temporada em que os resultados desportivos da equipa principal não foram particularmente fortes, embora a equipa tenha conseguido a manutenção sem sobressaltos.
As rubricas que mais se ressentiram foram a publicidade, que teve uma redução de 37,4% em relação ao exercício anterior, para 42,9 mil euros. Nos donativos a quebra foi ainda maior, na ordem dos 43,7%, para 47,6 mil euros. Só nestas duas rubricas o clube teve menos receita em relação ao exercício anterior na ordem dos 60 mil euros.
Estas perdas foram atenuadas pelos aumentos de receita de quotização e joias, que aumentou 12% para perto de 80 mil euros, e do subsídio via contracto programa com a Câmara das Caldas, que valorizou 6,8%, voltando a cotar-se acima dos 100 mil euros.
O clube contrabalançou estas perdas com uma gestão mais apertada que permitiu baixar também o volume de despesa. Os fornecimentos e serviços externos – rubrica com maior peso no orçamento global do clube, tiveram uma redução de 14 mil euros, na ordem dos 4,8%, apesar do aumento de despesas com deslocações, muito por força das viagens aos Açores. O clube gastou nessa rubrica mais 30 mil euros que na época anterior e Luís Capão, tesoureiro da direcção, revelou que os apoios para as deslocações às ilhas demoram a entrar nos cofres do clube, muitas vezes apenas na época seguinte “e depois de muita pressão exercida”.
O maior esforço no controlo de despesa foi feito na rubrica serviços especializados, que engloba as despesas com o futebol e na qual o Caldas poupou 25 mil euros em relação ao exercício anterior, com um gasto de 129,7 mil euros.
Em suma, o clube teve custos operacionais de 335 mil euros, menos 25 mil euros que em 2015/16, e 336,6 mil euros de proveitos operacionais, menos 42,9 mil euros que no período homólogo.
As contas foram aprovadas por unanimidade, assim como o orçamento para esta época. No entanto, esse mesmo orçamento foi uma projecção de receita e despesa feito no início da corrente época e desfasado da realidade actual devido à caminhada da equipa principal da Taça de Portugal, que fez aumentar a despesa e a receita.
NOVA SEDE AGUARDA OBRAS NO TELHADO
Outro dos assuntos abordados na assembleia foi a nova sede, no antigo jardim de infância perto dos silos. O presidente Jorge Reis fez o ponto da situação dizendo que quando o clube se preparava para iniciar obras se deparou com um problema grave no telhado. Essa obra ficou ao encargo da autarquia, proprietária do imóvel. Esse atraso permitiu ao clube elaborar um novo projecto, que será entregue dentro de uma semana para ser discutido pela direcção. As obras poderão arrancar brevemente.
Jorge Reis também falou do momento actual do clube, que atingiu este ano os 450 atletas nos escalões de formação. Foi proposto e aprovado um voto de louvor para a Câmara das Caldas e para a AF Leiria pelo contributo que deram para que o Caldas pudesse continuar a jogar em casa na Taça de Portugal no Campo da Mata. “Isso contribuiu para vitalidade do cube”.
No período antes da ordem de trabalhos João Martinho, presidente da Associação Sector 1916 que a claque criou para se legalizar, manifestou apreço pela colaboração do clube para que o processo fosse concluído a tempo do jogo da Vila das Aves e entregou um cachecol da claque ao presidente Jorge Reis em sinal de agradecimento. Jorge Reis sublinhou que a claque “veio trazer uma lufada de ar fresco” ao clube e aos jogos.