O país inteiro esteve de olhos postos na segunda vez que uma equipa amadora disputou uma meia-final da Taça de Portugal e o que viu foi um Caldas personalizado, que conseguiu, no terreno de um adversário teoricamente muito mais forte, manter vivo o sonho de chegar à final do Jamor. O Aves só venceu com um golo apontado numa grande penalidade duvidosa. Os caldenses tiveram, aliás, graves razões de queixa do trabalho dos juízes da partida, mas o resultado deixa ainda tudo em aberto.
Durante vários dias antes do encontro, jornais, televisões e rádios nacionais deram destaque aos heróis das Caldas que conseguiram um lugar na história da competição mais carismática do futebol nacional. Chegar ali tinha sido um marco assinalável, mas poucos acreditariam que havia mais história para escrever.
O Caldas foi a primeira equipa a criar perigo, com João Tarzan e Pedro Emanuel a ameaçarem por três vezes no primeiro quarto de hora a baliza do internacional português Quim.
O Aves foi, depois, assumindo a condição de equipa mais forte, mas com o Caldas a mostrar-se muito bem organizado na sua defesa. Foi então que o protagonismo começou a ser dividido com os homens do apito. Em cinco minutos foram assinaladas duas grandes penalidades no mínimo duvidosas. A primeira por um ressalto para o braço de Militão, o segundo após uma saída dos postes de Luís Paulo, que derrubou Derley, mas após ter afastado a bola. O guardião defendeu o primeiro penálti e por muito pouco não deteve também o segundo, que lhe passou por baixo do braço.
O Aves saía a ganhar para o intervalo, mas nada fazia afrouxar a crença dos 1500 caldenses, que faziam a equipa alvinegra sentir-se em casa com um espírito de festa que durou os 90 minutos.
Na segunda parte o Aves carregou mais forte no ataque, beneficiando possivelmente da quebra física dos caldenses. Mesmo assim, o Caldas nunca perdeu a sua organização defensiva e nas poucas bolas de finalização enquadradas, Luís Paulo mostrou-se à altura.
E mesmo com as forças a falhar, os guerreiros caldenses ainda conseguiram chegar à área do Aves, em lances de bola parada, numa delas ficou por sancionar grande penalidade por corte com o braço de Arango, atendendo ao critério utilizado no lance de Militão na primeira parte, e noutra o capitão do Caldas obrigou Quim a nova defesa.
Logo após o apito final, a falange de apoio do Caldas entoou a viva voz o “Ninguém passa na Mata”, lançando o aviso aos avenses de que a viagem às Caldas, a 18 de Abril, não será fácil e afirmando que esta história ainda não acabou.
Melhor do Caldas
Militão 5
Luís Paulo 5
A excelência do jogo defensivo do Caldas na Vila das Aves teve por base um colectivo forte. No entanto, houve quem se destacasse e neste jogo. O guardião brilhou a alto nível ao defender o primeiro penálti e ainda tocou no segundo. Além disso coleccionou boas defesas e intervenções seguras a sair dos postes. Já o central foi uma referência no centro da defesa e no apoio que deu à direita a Cascão. Curiosamente, foi aos dois que Gonçalo Martins assinalou grandes penalidades.