Assembleia de 11 de abril não teve listas e, perante a indisponibilidade da direção cessante em continuar, o ato eleitoral foi adiado
A assembleia-geral eleitoral do Caldas SC do passado dia 11 de abril não teve listas a sufrágio e o clube está, assim, com a direção em gestão até ser encontrada uma solução. Entretanto, está já marcada uma nova assembleia para 26 de abril, na qual Jorge Varela, presidente da AG, confia que haverá uma solução.
O momento era de grande importância para o futuro do clube e os sócios responderam, com a chamada à assembleia a ser atendida por perto mais de 130, lotando a capacidade do auditório da Câmara das Caldas. Mas tal não foi suficiente para que se encontrasse uma solução.
Jorge Reis e a sua equipa diretiva manifestaram indisponibilidade para se recandidatarem ou integrarem uma nova lista. O presidente cessante saudou a sala cheia de associados: “é prova da vitalidade do clube”. “Como estamos em final de mandato e de prestação de serviço ao clube quero agradecer aos meus colegas de direção, os que estão e os que passaram, membros dos corpos sociais, pelo contributo que deram para engrandecer o Caldas”, referiu.
Ainda antes de chegar ao ponto eleições, foi colocado ao presidente um conjunto de questões sobre a gestão do clube e de como foi gasta a verba proveniente da Galp.
O próprio presidente da AG, Jorge Varela, pediu a Jorge Reis que esclarecesse dúvidas que lhe tinham sido colocadas por sócios na rua, se o clube teria 600 mil euros em dívidas. “O Caldas não deve 600 mil euros, o Caldas não tem dívidas”, afirmou Jorge Reis, acrescentando que o clube ainda tem por receber cerca de 400 mil euros do acordo com a Galp, do meio milhão de euros faseados em 15 anos que o clube acordou com a petrolífera em 2020.
Jorge Reis foi, então, questionado sobre em que foi gasto o milhão de euros que o clube recebeu no início desse contrato. O presidente lembrou que foi feita obra no Campo da Mata, como a tribuna de imprensa, a colocação de cadeiras, a extensão da cobertura da bancada dos sócios, a criação da área técnica, trocado o relvado e colocada iluminação, entre outras obras comparticipadas pelo município, entre os 66% e os 80%. Além disso, Jorge Reis elencou um conjunto de despesas nos últimos três anos e meio que atingiu esse valor. O Caldas paga ao Estado IRS, IVA, SS, “nunca deixou de pagar uma vez que fosse”, sublinhou o presidente, cerca de 150 mil euros ano, a manutenção do relvado custa 60 mil euros por ano, nos transportes das equipas do nacional são cerca de 15 mil euros, o protocolo com Physioclem, porque é obrigatório ter fisioterapeuta nos jogos do nacional, são 25 mil euros ano. “Só nestas despesas estão cerca de 900 mil euros, não houve nenhum desaparecimento de dinheiro!”.
O presidente cessante foi ainda questionado sobre o processo de constituição de uma SAD. Jorge Reis disse que o representante da KPMG tem propostas em carteira, e que existem outras. No entanto, e por estar de saída, a direção suspendeu o processo. “A direção entendeu que não devia trazer proposta de SAD à AG, porque não estamos mesmo interessados em continuar, mas estamos disponíveis em colocar possíveis candidatos a par das propostas”, disse Jorge Reis. Além disso, afirmou que no panorama atual, o Caldas, ou qualquer outro clube, “dificilmente consegue sobreviver” sem estar apoiado numa sociedade desportiva.
Diversos sócios, incluindo o antigo presidente do conselho fiscal, José da Silva, o antigo presidente da AG, Custódio Sousa, e o antigo dirigente Rodrigo Amaro abordaram a necessidade de ajustar a despesa à realidade da receita do clube. Jorge Reis disse que “em três AGs anteriores alertámos que o Caldas não tinha peso para a mota que está a conduzir. Participar numa competição destas [a Liga 3] custa muito dinheiro. Temos que perceber o que queremos”, advertiu.
A assembleia terminou sem soluções, mas com alertas para a celeridade necessária para que se encontre uma solução que não comprometa a próxima época.
Entretanto, foi já agendada nova AG para 26 de abril, pelas 21 horas no auditório da Câmara das Caldas. Jorge Varela disse à Gazeta das Caldas estar “muito esperançado no surgimento de uma ou mesmo mais listas candidatas”. ■