No passado fim de semana, dias 11 e 12 de Março, o Pavilhão da Mata recebeu a mais importante competição de dança desportiva nacional. É neste campeonato que se apuram os melhores pares do país de cada escalão que irão representar as cores portuguesas em provas estrangeiras. Dos cinco aos 70 anos, participaram 279 pares de 45 escolas de dança diferentes. No domingo, realizou-se ainda a competição “All Girls”, que reuniu cerca de 90 atletas femininas.
O Campeonato Nacional de Dança Desportiva foi organizado pela Escola Alunos de Apolo de Lisboa. José Carlos Rodrigues, responsável técnico desta academia, disse à Gazeta das Caldas que foram várias as razões que o levaram a realizar esta prova nas Caldas da Rainha. “Esta é uma cidade que fica a meio do mapa, o que facilita as deslocações das escolas do Norte e Sul do país, pois nem todas têm meios financeiros para vir um dia antes se o local escolhido não for central”, disse José Carlos Rodrigues, que elogiou também a envolvência do Pavilhão da Mata – “isto parece um bosque, o que traz muita paz de espírito aos atletas” – e a parceria estabelecida com a Câmara das Caldas. A autarquia contribui com 2000 euros para este campeonato, que tem um custo total de 30 mil euros.
A dança desportiva corresponde à vertente competitiva das danças de salão e inclui 10 disciplinas – “estilos” – diferentes: cinco latino americanas (chá-chá-chá, samba, jive, rumba e paso doble) e cinco clássicas/standard (valsa inglesa, valsa vianense, tango, quickstep e foxtrot). Nos escalões iniciais os pares dividem-se por duas pistas, enquanto nos mais avançados os dançarinos se distribuem apenas por uma de maiores dimensões. Na competição realizada nas Caldas os atletas foram avaliados por um painel de 13 jurados, maioritariamente estrangeiros. Em dois minutos, estes ajuízam o par “num todo”: vestuário, técnica, musicalidade, cumplicidade, presença, equilíbrio e até mesmo a sua postura fora da pista.
Na opinião de José Carlos Rodrigues, a população portuguesa tem ainda uma “mente pequenina”, pois não olha para a dança como um desporto de alta competição, embora esta modalidade esteja federada há 25 anos. Apesar da falta de reconhecimento – “principalmente quando comparamos o nosso país à Rússia ou à Roménia, em que a dança desportiva faz parte do currículo das escolas” – o responsável realça que este desporto tem vindo a crescer em Portugal. Prova disso é o recorde de inscrições feitas para o Campeonato Nacional deste ano.
CALDENSE SOBE AO PÓDIO
Patrícia Carmo, 17 anos, que na semana passada foi notícia na Gazeta das Caldas pela sua prestação no Campeonato do Mundo Latinas Sub-21, onde obteve o melhor resultado de sempre alcançado por portugueses, volta agora a dar que falar. A caldense que faz par com Miguel Fernandes foi terceira classificada no escalão “Adultos Open”, chegando à final após quatro eliminatórias. Competiram nesta categoria 30 pares de todo o país.
“Superámos as nossas expectativas, inicialmente queríamos apenas chegar à final. Conseguir um lugar no pódio é espectacular tendo em conta que dançamos juntos apenas há quatro meses”, disse a jovem, acrescentando que dançar “em casa”, com o apoio da família e amigos, também contribuiu para os bons resultados. “O orgulho que sinto ainda é maior por ter conquistado este título na minha cidade”, realçou.
Patrícia Carmo pratica a modalidade desde os 12 anos e actualmente é atleta da Alunos de Apolo. Como o seu par é natural do Porto, a jovem treina três a quatro vezes por semana em Aveiro, de forma a que as deslocações fiquem a “meio caminho” para ambos. “Saio das Caldas às 14h30, só regresso às 21h30. É um esforço muito grande, mas conto a ajuda de colegas e da minha mãe, além que tenho um plano de estudos rigoroso”, explicou, revelando que no futuro pretende conciliar a carreira da dança com a profissão de fisioterapeuta do desporto.
No Campeonato Nacional de Dança Desportiva também esteve presente uma academia da região, o Hóquei Clube Turquel, que levou à competição seis pares em cinco escalões diferentes. Adelino Lopes, responsável pela escola, destacou o resultado de Martin Francisco e Rita Rebelo, que alcançaram o terceiro lugar em Juniores 1. Este par começou a dançar apenas em 2016 e ainda não cumpriu um ano de competição. Além de dança desportiva, a HC Turquel também lecciona dança social e de iniciação. Mais informações em www.hctdance.com.