Clubes e associações enfrentam desafio da retoma

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Na formação, registou-se uma quebra de 6.648 atletas relativamente a 2019/20

Associação de Futebol de Leiria perdeu mais de dois terços dos atletas inscritos em relação à época anterior, qualquer coisa como 6.959 praticantes

A retoma da prática desportiva está prometida para os próximos dias e semanas. E vários são os clubes, de modalidades diversas, que avançaram com as datas do regresso aos treinos nos escalões de formação e nos seniores. Porém, há um longo percurso a percorrer até que a atividade seja efetivamente retomada, sendo certo que os efeitos da diminuição de atletas e equipas na época 2020/21 podem perdurar durante anos.
A Associação de Futebol de Leiria já fez as contas e chegou a conclusões que não deixam margem para dúvidas. Relativamente à época 2019/20, que foi interrompida de forma abrupta em março do ano passado, a entidade que rege o futebol e futsal a nível distrital registou uma perda de 311 atletas seniores.
Bem mais significativos são os números da formação, em cujos escalões se subtraiu um número total de 6.648 atletas no distrito em relação à época transata.
No total, a AF Leiria registou menos 6.959 atletas inscritos, sendo que, em função da criação de novas equipas seniores, Bombarral, Leiria e Pedrógão Grande foram os únicos concelhos que registaram um aumento do número de atletas daquele escalão.
O problema tem vindo a ser acompanhado de perto pelo caldense Manuel Nunes, que, na passada sexta-feira, participou num webinar da Câmara de Leiria para falar de associativismo e desafios.

“Com a pandemia, a função dos clubes foi mais evidenciado como um serviço público, já que proporciona um benefício a várias gerações que praticam a sua modalidade preferida”

Manuel Nunes

Para o presidente da AF Leiria, o Estado tem de intervir. “Com a pandemia, a função dos clubes foi mais evidenciada como um serviço público, já que proporciona um benefício a várias gerações que praticam a sua modalidade preferida. Este serviço não é substituído pela prática da disciplina de Educação Física e do Desporto Escolar nas Escolas”, explica o professor, notando que em virtude das restrições decretadas pelos estados de emergência, os clubes acentuaram as dificuldades de tesouraria. “Viram-se impedidos de terem qualquer tipo de receita, provocada pela falta de público e dos escalões de formação e vivem com a impossibilidade de cumprir as obrigações contratuais assumidas, o que condiciona toda a atividade”, alertou o dirigente.
Segundo os dados recolhidos pelos serviços da AF Leiria, esta época inscreveram-se menos 13 clubes de futebol masculino, menos 15 clubes de futsal masculino e menos dois clubes de futebol feminino, um cenário adverso e para o qual são necessárias respostas a curto prazo.
Esta época, a associação concedeu vários apoios: redução de taxas de jogo (50%), redução do valor do estorno do seguro (27,5%) e redução dos custos de inscrição de jogadores e equipas (30%), neste caso através de um empréstimo da FPF. Além disso, solicitou às câmaras do distrito um apoio extraordinário aos clubes, bem como ao Governo e à Federação, apoios para os clubes que se vieram a confirmar.
“O principal adversário” da retoma dos clubes “será o desconhecido, complexo e difícil” e a recuperação “será lenta e gradual” e pode demorar “dois a três anos”, adverte Manuel Nunes. ■